O deputado Janio Mendes (PDT) entrou ontem com representação no Ministério Público do Estado para que seja aberta investigação sobre os contratos da prefeitura de Cabo Frio com a empresa Córrego Rico. Janio pede que o MP requisite a prestação de contas detalhada sobre cada contratação e prestação de serviços, com a indicação do número de bens locados e locais de utilização. Anteontem, após visita surpresa do prefeito Alair Corrêa (PP), a Mesa Diretora da Câmara Municipal barrou requerimento que cobrava explicações sobre o caso, que veio à tona após aditivo de R$ 27 milhões ser divulgado no jornal que faz as publicações oficiais do município – segundo o governo, R$ 9 milhões foram pagos este ano.
No documento, Janio afirma que as declarações do prefeito na Câmara foram insuficientes. “O prefeito se restringiu a palavras, não apresentando qualquer documento que comprovasse a dita regularidade do contrato, não sabendo informar ao certo o número de veículos alugados e sua destinação”, escreveu. Em entrevista à Folha, ele disse que o objetivo do discurso do prefeito foi criar cortina de fumaça.
– Ficou claro que o prefeito tentou criar uma cortina de fumaça para não ter o requerimento aprovado e passar para a população que ele tirou todas as dúvidas sobre a Córrego Rico.
Janio engrossou as críticas ao atribuir a decisão da Câmara ao que se refere como “um negócio em família” – o requerimento foi tirado de pauta por Marcello Corrêa (PP), a pedido de Vinicius Corrêa (PP), que se disse satisfeito com as explicações de Alair (eles são filho e sobrinho do prefeito, respectivamente).
– Vejo isso como uma interferência direta no poder legislativa. Fere autonomia, a indepêndência do poder. O prefeito, sem ser convidado, ocupa a Câmara, pergunta se todas as dúvidas foram respondidas e o filho concede a retirada [do requerimento]. Um negócio em família. A coisa não pode ser feita dessa maneira. Para ser resolvido em família, ele não precisava ir à Câmara. Poderia ter se reunido com o filho e o sobrinho no Riala e poupado o povo desse teatro. Faltou respeito ao legislativo – atacou.
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