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Ivo Saldanha

Ivo Saldanha: "Cabo Frio é a história do país"

Ex-prefeito lamenta a atual condição da cidade e fala em profissionalizar a gestão

12 novembro 2016 - 10h39Por Rodrigo Branco
Ivo Saldanha: "Cabo Frio é a história do país"

Mais de duas décadas após deixar a Prefeitura de Cabo Frio, Ivo Saldanha leva uma vida mais tranquila, mas nem por isso menos produtiva. Ontem mesmo, antes de atender a reportagem, o médico cuidava dos últimos detalhes para o lançamento do livro ‘Manual da Vida’ – em que, com toques de ciência e filosofia, ensina como os acontecimentos do cotidiano podem influenciar na saúde das pessoas.

Atualmente fora da política, Ivo divide o tempo entre seu consultório de psiquiatria em Cabo Frio e as atividades na coordenadoria de Saúde no município de Casimiro de Abreu, onde também está montando uma escola terapêutica. Nada que o deixe desatualizado sobre o atual cenário de caos administrativo-financeiro, aliás, semelhante ao recebido por ele do mesmo prefeito que hoje governa a cidade: Alair Corrêa. Nesta entrevista, ele aponta semelhanças e diferenças entre os dois períodos e lamenta a atual situação. – Ninguém nunca imaginou que uma cidade rica fosse desmoronar – comenta.

Folha dos Lagos – Do que trata o livro que o senhor está lançando?

Ivo Saldanha – O livro fala das coisas pequenas, simples que afetam as pessoas no seu dia a dia e podem comprometer a saúde delas sem que percebam. É preciso fazer uma leitura do ambiente de casa e do trabalho. Se eles estiverem doentes isso pode ser o gatilho para detonar vulnerabilidades. A Casa de Cultura e a secretaria de Saúde de Casimiro de Abreu estão dando uma força no lançamento.

Folha – Como o senhor avalia a atual situação administrativa de Cabo Frio?

Ivo – Esse problema do petró- leo aconteceu porque as administrações não tiveram projeto e não desenvolveram a cidade.

 Folha – O que acha da gestão do prefeito Alair Corrêa?

 Ivo – O tipo de desenvolver e de agir dele é esse. É prática dele. Ele arrebentou tudo por causa da farra do dinheiro fácil. Foi fazendo coisas sem necessidade, não desenvolveu a cidade e hoje está essa situação. Ninguém nunca imaginou que uma cidade rica fosse desmoronar. Só quem conhece ele poderia dar um diagnóstico. No fim da vida política ele bebeu do próprio veneno, o que é uma coisa terrível.

Folha – A situação atual é parecida com a que o senhor herdou em 89?

Ivo – Em 89, a cidade era muito pobre, não havia Lei de Responsabilidade Fiscal. Varríamos a cidade em regime de mutirão. Não havia um carro, os funcionários estavam sem receber há cinco meses. Destruíram a cidade, mas recuperamos. Procuramos profissionalizar a má- quina pública.

Folha – O governo do senhor também teve que conviver com a insatisfação do funcionalismo da Educação, assim como acontece hoje. Qual as semelhanças e diferenças entre os dois períodos?

Ivo – Ele (Alair) destruiu todas as escolas. Era praticamente impossível começar o ano letivo. Os funcionários estavam em greve, sem receber há cinco meses. Fizemos um mutirão de reconstrução de escolas, consertando carteiras, recolocando papel que não tinha, fazendo tudo o que era prioritário. Implantamos a eleição para diretores de escola. Levou tempo para organizar. Conseguimos recuperar no suor e no trabalho. Foi um aprendizado muito bom.