RODRIGO BRANCO
Visivelmente satisfeito com o resultado das cinco reuniões já realizadas do fórum Cabo Frio+, que discute os rumos do turismo na cidade, o secretário Dirlei Pereira parece ter encontrado seu pouso definitivo na gestão municipal. No entanto, ele diz que as experiências anteriores na administração pública (na chefia de Gabinete e nas secretarias de Governo e Saúde) ‘serviram como aprendizado’ para o atual cargo. Em entrevista à Folha, Dirlei fala do trabalho na pasta, da relação com o prefeito Alair Corrêa e dos rumores de que tentou assumir o controle do seu partido, o PRB.
– Se eu quisesse, seria o presidente. O Cláudio Bastos [atual presidente] nem conhecia o senador [Marcelo] Crivella – disse.
Folha dos Lagos – Como avalia o resultado das reuniões do Cabo Frio+?
Dirlei Pereira – No meu segundo dia à frente da secretaria fiz uma reunião com o trade turístico e disse aos empresários que não era um especialista e precisava ouvi-los para aprender com eles. Temos na cidade dois momentos distintos: 60 dias de fartura, se tanto, e dez meses de vacas magras. Ao convidar esse pessoal, precisava saber para onde apontar. Assim que assumi, vi que um Plano de Turismo nunca tinha sido elaborado, o que é um absurdo. O sucesso das conversas foi tão grande que eu em parceria com o (jornalista) Moacir Cabral tivemos a ideia de criar o Cabo Frio+, que envolve a sociedade civil organizada. Depois dessa quinta etapa, partimos para discutir um projeto fundamental, que é incentivar o turismo histórico-cultural. A história de Cabo se confunde com a do Brasil. Está entre as sete cidades mais antigas do país e isso não se explora. A grande sacada do Cabo Frio+ é ouvir a sociedade civil e implantar definitivamente no turismo da cidade a meritocracia, ou seja, trabalhar com os melhores, independentemente de vinculação partidária. Cabo Frio está dividida hoje e quem perde é a cidade. O trabalho é de reunificação.Folha – Qual o principal projeto no momento?
Dirlei – Atualmente é o ‘Hora H’, onde estudantes de História da Estácio de Sá vão passar o dia inteiro na companhia de técnicos apresentando a cidade ao turista e também à população. É preciso trabalhar a autoestima das pessoas. Abateu-se, com razão, o pessimismo nas pessoas, mas reclamar não adianta. O objetivo é contagiar as pessoas e mostrar que temos uma história da qual devemos nos orgulhar. Creio que nessa direção vamos construir um novo tempo. A cidade só é boa para receber se é boa para quem vive aqui. Se não tiver Saúde, Educação e Transporte, como vou vender isso? Mas uma coisa são as finanças da cidade, outra é a economia. Mesmo com as finanças quebradas, isso não impede que empregos sejam gerados.
Folha – A impressão que se tem que as ações do Turismo são mais individuais do que uma política de governo...
Dirlei – Quando assumi não tinha um centavo de orçamento. Eu tinha duas alternativas: cruzar os braços e secar as lágrimas ou partir para ações concretas. A questão é de atitude. Ou você se conforma ou resolve fazer a diferença. Tenho uma atuação mais independente, mas isso não significa insubordinação, e sim, atitude. Se eu não faço nada que envergonhe o Governo, só não quero que me puxem o tapete.
Folha – Como está a relação com o prefeito?
Dirlei – Apesar de ele já ter me tachado de rebelde, é boa porque ele me respeita. Em qualquer cargo que estive, tenho uma preocupação muito grande de não desonrá-lo. Ele sabe que sempre terá em mim uma pessoa que age com integridade, responsabilidade com o dinheiro público e que não aceita bochicho. Ele tem a tranquilidade de saber que onde eu estiver, não terá a Polícia Federal batendo à sua porta.
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