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EFEITO DOMINÓ

Conflito no Oriente Médio pode refletir nos royalties

Preço do barril de petróleo chegou a 71 dólares, maior valor desde maio de 2019

08 janeiro 2020 - 21h01Por Rodrigo Branco

Separados por milhares de quilômetros de distância, o Oriente Médio e a Região dos Lagos têm pouco em comum, além da abundância de areia e do forte calor, mas a tensão em território árabe e o conflito entre Estados Unidos e Irã podem trazer consequências para Cabo Frio e as cidades vizinhas. E elas podem ser boas, em que pese o temor de um confronto em escala global. Ontem, o preço do barril de petróleo do tipo Brent (usado como referência internacional) chegou a ser negociado por 71 dólares, o maior desde maio do ano passado. No fim do dia, o preço recuou para 65 dólares, após o discurso do presidente norte-americano Donald Trump. Oscilação à parte, o valor disparou desde a morte do general iraniano Qasem Soleimani após um bombardeio aéreo norte-americano na semana passada. O fato, associado à alta do dólar, tem relação direta com o cálculo dos royalties, o que significa a real possibilidade de aumento na arrecadação dos municípios produtores.

Como os valores calculados incidem no pagamento aos municípios e estados apenas dois meses depois, há boas chances de os cofres locais ficarem mais forrados a partir de março. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) adota uma postura de cautela e, em nota enviada para a reportagem, limitou-se a dizer que “acompanha a situação e está atenta a possíveis efeitos no mercado de combustíveis”. Para o administrador e mestre em Economia Leandro Cunha, a situação afeta o equilíbrio de preço, pelo fato de o Oriente Médio ser o maior produtor de petróleo do planeta. 

– Uma vez que se confirme esse aumento do preço do barril, obviamente isso terá reflexos no Brasil, nos preços praticados pela Petrobras. Já está havendo pressão também na produção nas bacias, principalmente as da nossa região, que têm um volume considerável. Confirmando esse aumento significativo, a tendência é que haja um aumento na arrecadação de royalties nos próximos meses, principalmente se essa tensão permanecer por mais tempo. Só que isso é volátil e tem que ser levado em consideração. Provavelmente, depois do conflito, o preço tende a buscar um novo equilíbrio e provavelmente volte a ficar mais baixo – explicou o especialista.

Do lado dos municípios, o desenrolar dos acontecimentos é aguardado com atenção e expectativa. Para o secretário de Fazenda de Cabo Frio, Clésio Guimarães, o atual cenário diplomático internacional é favorável para as finanças da cidade, que recebeu  mais de R$ 170 milhões do recurso no ano passado.

– Todos os indicadores são favoráveis: dólar alto; preço do barril alto. O que é prejudicial por um lado acaba sendo bom para gente – comentou.

Por sua vez, o prefeito de Arraial do Cabo, Renatinho Vianna (Republicanos) disse que prefere esperar os próximos passos da diplomacia internacional, embora admita que o conjunto de fatores possa ser benéfico aos cofres cabistas, no fim das contas. 
– É complexa essa situação. A gente fica triste por um lado e feliz por outro. Entristecido como pessoa e feliz como administrador. Prefiro aguardar um pouco mais, analisar os aspectos. Tomara que isso se resolva da melhor maneira possível – ponderou. 

Outro que acompanha a questão com expectativa é o prefeito de Campos dos Goytacazes e presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Rafael Diniz (Cidadania).

Para Diniz, é preciso analisar todo o contexto, uma vez que uma possível guerra de grandes proporções poderia afetar diretamente a produção e distribuição de petróleo no mundo inteiro. 

– Temos que pensar neste aspecto geral e não somente no aspecto de recurso de royalties, que pode gerar um impacto de aumento em curto prazo, porque quanto mais alto o preço do barril brent, maior este recurso, mas um baque na produção mundial pode desestabilizar todo o mercado internacional dessa commodity. Continuamos trabalhando para depender cada vez menos dos royalties de petróleo, sabendo que o aumento no valor deste recurso é positivo, contudo, o valor recebido atualmente, se comparado a anos anteriores a 2017, é muito menor – declarou.