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Claudio

Chumbinho: ‘São Pedro foi a única cidade que não parou’

Apesar de situação financeira difícil, Prefeito promete investimentos em infraestrutura

21 março 2017 - 00h07Por Texto e foto: Rodrigo Branco
Chumbinho: ‘São Pedro foi a única cidade que não parou’

 Diferentemente dos colegas vizinhos de Cabo Frio, Marqui­nho Mendes, e Arraial do Cabo, Renatinho Vianna, que pegaram o rescaldo de administrações an­teriores, o prefeito reeleito de São Pedro da Aldeia, Cláudio Chum­binho (PMDB), enfrenta a com­paração com sua própria gestão.

Ciente das cobranças típicas do segundo mandato, Chum­binho reconhece que apesar da chegada de grandes empresas e da geração de emprego nos últi­mos quatro anos, ficou devendo quanto à melhoria na infraestru­tura dos bairros, principalmente pavimentação e saneamento, que elegeu como prioridade para os próximos quatro anos.

Em entrevista à Folha no seu gabinete, o prefeito fala das difi­culdades da arrecadação do mu­nicípio em meio à crise nacional e do estado, mas garante que vai continuar a política de atração de empresas, que negou ser de ‘isenção fiscal’.

– A gente é que tem feito um trabalho com muita transparência junto aos empresários vendendo que São Pedro da Aldeia é o cora­ção da nossa região e o local mais bem localizado para essas empre­sas se instalarem – justifica.

Folha – Qual a situação fi­nanceira de São Pedro hoje?

Claudio Chumbinho – Pre­feito nenhum passou por um momento de crise como eu ve­nho passando. A gente assumiu um dívida enorme não apenas do governo passado, mas de outros governos e logo em seguida pe­gamos o município numa crise política e financeira muito gran­de. Um Estado sem poder ajudar em nada. O Estado nem cuidar da rodovia está cuidando. Fize­mos parcelamento da nossa dívi­da, estamos pagando todo o mês, cumprindo com as obrigações. A nossa cidade foi a única que não parou na região. Com todas as di­ficuldades financeiras, montamos uma equipe qualificada e técnica. A gente vem cumprindo com o salário em dia, Saúde, Educa­ção, limpeza urbana e coleta de lixo funcionando. Nada parou. Entrando na nossa segunda ges­tão, já temos uma Prefeitura or­ganizada e bem planejada. Mas não dá para dizer que a gente está com uma situação financeira boa. Estamos ainda com uma situação difícil, porque a gente está pagan­do dívidas de gestões anteriores e fazendo planejamento na área de Desenvolvimento para melhorar a arrecadação. São Pedro é um município com poucos recursos. Para se ter uma ideia, para arreca­dar R$ 40 milhões com IPTU, até agora só entraram R$ 6 milhões. A população ainda não tem esse hábito. Se cada cidadão cumprir com as suas obrigações de pagar os impostos, com certeza a gente vai investir muito mais na cidade. Nosso trabalho é trazer grandes empresas, gerar emprego e au­mentar a arrecadação.

Folha – Dizem que o segundo mandato costuma ser inferior ao primeiro. Você tem sentido a cobrança para fazer um gover­no melhor que o anterior?

Chumbinho – Somos cobra­dos todos os dias, principalmen­te no segundo mandato. Mas a população está consciente da si­tuação que o país está vivendo: uma crise política muito grande, a corrupção muito grande. Mas a gente vem fazendo o nosso trabalho com transparência. Eu digo sempre que administro a Prefeitura como uma empresa. Eu tenho responsabilidade. As pessoas estão acostumadas com a política antiga, mas eu não tra­balho assim. Desde o primeiro dia, meu foco é trabalhar. Estou todos os dias na Prefeitura, das oito às cinco, seis, às vezes oito horas da noite. A gente não tem horário para sair. Eu me dedico e cobro dos meus secretários todos os dias. Quero o melhor. Pena o momento difícil do país, porque a minha vontade de fazer é muito grande. Mas eu tenho certeza que a hora que sair do meu mandato vou deixar um legado muito gran­de para cidade. Muitas empresas chegaram a São Pedro, outras es­tão chegando. Fechamos agora com uma escola técnica, o Sest/Senat; com uma offshore italia­na, a Remu, a primeira offshore de São Pedro. Mas todos os dias a população vai cobrar, não tem jeito. Principalmente por causa desses escândalos que vêm acon­tecendo na política. Hoje é muito difícil a população acreditar em um político e isso é triste.

Folha – Como você preten­de melhorar o atendimento no Pronto Socorro, que tem sido alvo de reclamações?

Chumbinho – Quando eu entrei, o Pronto Socorro estava fechado e hoje as pessoas conti­nuam reclamando da Saúde. Mas é problema em tudo quanto é lugar. Hoje temos uma UPA pe­diátrica só para atender a crian­ças de zero a 14 anos e o Pronto Socorro atendendo. Em 2016, nós tivemos uma média de aten­dimento no Pronto Socorro de 2.700 por mês. No mesmo ano, chegamos a atender 8.500 pes­soas por mês porque as outras cidades estavam com problemas financeiros. Nesse momento de crise, as populações dessas ou­tras cidades estavam vindo ser atendidas em São Pedro. A gente vem trabalhando, melhorando, mas todos os dias a população cobra cada vez mais. Investimos muito no nosso Pronto Socorro, com reformas e equipamentos. A gente vem melhorando cada dia mais, mas às vezes não depende só do prefeito. Às vezes é um profissional que não atende bem e aí a culpa cai sempre em cima do prefeito. Em todos os aspec­tos. Na área da Saúde, às vezes acontece uma reclamação da po­pulação e é por causa da falta do comprometimento do profissio­nal que está ali para atender. A população já chega ali doente e às vezes não é bem atendida com carinho, com amor e acabam acontecendo as reclamações. Eu tive problema na área da Saúde no início do meu mandato, com mudança de vários secretários. No meu primeiro governo, mudei cinco vezes o secretário. Graças a Deus, agora a gente acertou. A atual secretária (Francislene Ca­semiro) está organizando há seis meses. Já melhorou muito e vai melhorar cada vez mais. A Saú­de é problema em tudo quanto é lugar, até no particular é difícil. Do jeito que pegamos a Saúde e a forma como ela está agora, já melhorou muito.

Folha – Como você pensa em melhorar a arrecadação e quais os investimentos previstos?

Chumbinho – Agora vamos atacar muito forte nessa parte da arrecadação, cobrar que as pesso­as contribuam com suas obriga­ções. Não é obrigação do prefei­to, é obrigação de cada cidadão. Temos hoje um município com 52 bairros, a maioria deles sem pavimentação e saneamento. A gente quer trabalhar muito nesse segundo mandato a preparação dos bairros, mas para isso a popu­lação tem que entender que tem que cumprir suas obrigações. A gente está preparando a Secreta­ria de Fazenda para o recadastra­mento. Contratando uma empresa para fazer o novo geoprocessa­mento, para melhorar a arreca­dação, além de trazer as empre­sas porque o nosso foco nesse segundo mandato é trabalhar nos bairros na área de saneamento e de pavimentação. No primeiro mandato, construímos as escolas e os postos de saúde que precisa­vam ser construídos, investimos em Saúde e Educação, mas o meu foco agora são os bairros.

Folha – A periferia foi ponto de críticas no primeiro manda­to. Será uma prioridade agora? Concorda com as críticas?

Chumbinho – Com certeza. A cidade tem 400 anos. Eu entrei com a cidade cheia de dívidas. Não tinha condição de entrar e investir. Nesse segundo mandato, o foco é atender os bairros. Do Alecrim até Botafogo. A área do Balneário, Praia Linda e todas as áreas que sempre foram esqueci­das pelos governantes. Se você andar em todos esses bairros, quando chove, é um desespe­ro para o prefeito, imagina para quem mora.

Folha – Você vai manter a política de isenções fiscais para atração de empresas? Como equilibrar essa renúncia de re­ceitas com o caixa do município para não ficar como o Estado?

Chumbinho – Na verdade, São Pedro tem dois polos e con­cede uma isenção, que não é uma isenção fiscal. A gente dá a concessão da área por 20 anos e a concessão do IPTU por cinco anos, não é em tudo. São Pedro nem teria condição de dar isenção fiscal, a gente precisa arrecadar. Eu criei um polo automotivo, que dá isenção na área por 20 anos, e na de IPTU por cinco anos. Mas a arrecadação de venda da em­presa, o ICMS e outros impostos, entra para o município. E tem o polo industrial, que fica na área de Botafogo, com isenção de IPTU. As empresas que chegaram a São Pedro não tiveram nenhum tipo de isenção fiscal. A gente é que tem feito um trabalho com muita transparência junto aos empresá­rios vendendo que São Pedro da Aldeia é o coração da nossa re­gião e o local mais bem localiza­do para essas empresas se insta­larem. É esse produto que temos vendido a essas empresas e com isso melhorando o desemprego e a arrecadação da nossa cidade. São Pedro só sobreviveu nesses quatro anos com a crise porque fizemos esse trabalho. E não vai parar. Vamos buscar mais e mais empresas para São Pedro da Al­deia. É nisso que eu foco todos os dias. A Secretaria de Desen­volvimento de Projetos é só para atender aos grandes empresários, para agilizar os processos.