Ainda em clima de ressaca pós-eleitoral, a Câmara de Cabo Frio já está com a cabeça no ano que vem. Em que pese que o orçamento para 2017 ainda precise ser votado, as atenções já começam a se voltar para a composição da futura Mesa Diretora.
Pelo menos cinco nomes já admitiram que pretendem concorrer à sucessão de Marcello Corrêa (PP) na Presidência da Casa, a partir do ano que vem: Aquiles Barreto (SD); Luis Geraldo (PRB); Jefferson Vidal (PSC); Vanderlei Bento (PMB) e Rafael Peçanha (PDT), esse último eleito em outubro para o primeiro mandato.
Se publicamente o discurso de todos é de respeito aos demais; nos bastidores, a disputa, já está a todo vapor, por meio de muita conversa ao pé do ouvido com os atuais e os futuros colegas de plenário. A costura política ainda passa necessariamente pelo diálogo com o futuro governo de Marquinho Mendes (PMDB), que nas últimas eleições fez 12 das 17 cadeiras.
Sem negar o rótulo de ‘candidato oficial’ de Marquinho, Aquiles mantém a posição manifestada em reportagem publicada no último dia 24 de evitar atritos com os colegas ‘pelo bem da cidade’. Mas apesar de pregar união, ele nega que, em caso de vitória, apenas confirmará as decisões do Poder Executivo.
– Lógico que eu tive um fator predominante na campanha do Marquinho, não posso negar isso, mas a Câmara é um poder completamente paralelo ao Poder Executivo. Não vou fazer daqui um escritório ou cabide de homologação dos projetos do prefeito. Aqui nós vamos discutir o que é bom para a cidade e não somente o que é bom para o governo – afirma.
Considerado o principal obstáculo para as pretensões de Aquiles, embora do mesmo grupo político, Luis Geraldo vai para o quarto mandato consecutivo a partir de 2017. Ex-presidente da Casa entre 2007 e 2008 e tido pelos colegas como profundo conhecedor do Regimento Interno, o vereador do PRB também adota um discurso conciliador. Para ele, sua experiência na Câmara não será determinante para a disputa, que ele afirma ainda estar no começo.
– A gente faz parte de um grupo político só e não vamos entrar em atrito que tire essa união que a gente precisa ter nesse momento difícil que a cidade vem passando. É uma colocação de nomes, é uma briga entre aspas, mas uma briga saudável, através de conversa e do diálogo. Ninguém vai se matar ou criar algum tipo de problema para o governo – pondera ele, que defende candidatura única da base governista.
Entretanto, para isso, se a ala mais moderada quiser realmente construir uma candidatura de consenso, terá que frear o ímpeto do reeleito Jefferson Vidal. Animado com o segundo mandato e por ter conseguido eleger mais dois colegas de partido – Blau Blau e Letícia Jotta – o parlamentar do PSC aposta no diálogo para consolidar apoios à sua candidatura.
– Saímos bem fortalecidos das urnas. Aprendi bastante no primeiro mandato. Se eu me sinto preparado e conheço bem a Casa, por que não? Claro que a cada dia a gente aprende, mas acho que temos todas as condições de disputar as eleições e até chegar à vitória, se não houver ‘intervenções de cima’ – disse, deixando no ar a possibilidade de interferência do governo na disputa.
Do lado da oposição, as aspirações não são menores. Atual vice-presidente da Câmara, Vanderlei Bento se inspira na trajetória do pai, Silas, que já chefiou o Legislativo municipal para se credenciar ao cargo. Ele adota ainda o discurso da independência para se declarar como melhor opção.
– Sou candidato à Presidência porque entendi que as candidaturas mais fortes são ligadas ao governo. Acho que um poder independente tem que ter um presidente independente. Não que seja oposição ou situação, mas que seja a voz do povo literalmente. Que não seja um atravessador, um servidor do prefeito e sim um presidente de fato – dispara.
No primeiro mandato, Rafael Peçanha não vê problema em querer ‘sentar na janela’ de cara.
– A gente entende que o que Cabo Frio precisa é de uma presidência da Câmara e de uma Mesa Diretora que possam espelhar o desejo de mudança e renovação que a população demonstrou nas urnas – frisa.
Poder – Além de controlar pautas e votações, o futuro presidente da Câmara terá a chave de um cofre orçado em R$ 18 milhões no ano que vem. Além disso, caso Marquinho perca no julgamento do TSE, o chefe do Legislativo será o prefeito interino enquanto novas eleições não forem convocadas.