Se o vereador de Cabo Frio Vanderlei Bento (PMB) pretende ver aprovado seu projeto de lei que proíbe o aplicativo de transporte Uber na cidade terá que gastar muita saliva com os próprios colegas de Câmara, uma vez que eles estão propensos a abrir a discussão sobre a polêmica matéria com a população. Inclusive, uma enquete no Facebook e uma audiência pública já estão sendo preparados para debater o assunto.
– Vamos levar a discussão à sociedade. Não basta decidir de forma solitária na Câmara. Tenho conversado bastante e vejo muita gente a favor da proibição, como os taxistas, mas a maioria é contra. Vamos fazer uma reunião para decidir essa questão – comentou o vereador Ricardo Martins (SD), que faz parte da Comissão de Constituição e Justiça, onde o projeto encontra-se no momento.
O líder da oposição, Rafael Peçanha (PDT), foi um dos primeiros a defender a inclusão dos moradores na discussão. Ele é contra a proibição do aplicativo.
– Acho que proibir não é a melhor solução. Defendi, inclusive na última sessão, que a CCJ convoque audiência pública para discutir a questão geral do transporte com a população – ponderou Peçanha.
Letícia Jotta (PSC), presidente da Comissão de Tutela Coletiva, por onde a matéria ainda vai passar, fala do projeto com cautela. Ela diz que pretende conversar com os colegas de comissão, inclusive o autor Vanderlei, para dar opinião sobre a questão.
– Quero ouvir o posicionamento da população. Não li tudo, não vi se (o Uber) vai gerar retorno para a cidade. Prefiro analisar antes – disse a vereadora.
Codeço: "Nessa crise não tem como impedir que pais de família trabalhem"
Direta, Alexandra Codeço (PRB) falou que é contra a proibição do aplicativo por causa do momento de crise econômica e desemprego. Contudo, ela defendeu a regulamentação do serviço para aumentar a segurança dos passageiros e o recolhimento de impostos para a cidade por parte do Uber. A vereadora disse ainda que a concorrência estimula a queda do preço para o consumidor.
– Com a crise que o país e o nosso município vivem, não tem como impedir que um chefe de família trabalhe para sustentar seus familiares – defendeu.
Entenda a polêmica – O projeto nº 03/2017 entrou na pauta da última quinta-feira e, de cara, gerou controvérsia. A matéria acabou encaminhada para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem 15 dias a partir da data para posicionar-se sobre a questão. O presidente da CCJ, Guilherme Moreira (PPS) prometeu cumprir o prazo.
No Facebook da Folha, milhares de internautas posicionaram-se sobre o assunto, a maioria em reprovação à iniciativa. Com o apoio do Sindicato dos Taxistas, Vanderlei Bento marcou posição e defendeu o projeto, como publicado na edição do último sábado.
– (O Uber) não paga taxa nenhuma municipal. Se o táxi paga, por que o Uber não pode pagar? – argumentou.