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EDUCAÇÃO

Após protesto do Sepe, governo de Cabo Frio tenta conduzir coordenadora para a delegacia

Guardas municipais teriam acusado Denize Alvarenga de cometer crimes de injúria e desacato

07 maio 2024 - 17h31Por Redação
Após protesto do Sepe, governo de Cabo Frio tenta conduzir coordenadora para a delegacia

A greve de 24 horas que aconteceu hoje na rede municipal de Cabo Frio foi marcada por protestos com direito a contenção com uso de gás de pimenta e até tentativa de condução coercitiva da coordenadora do Sepe Lagos, Denize Alvarenga, para a delegacia da cidade. Toda a confusão começou por volta das 11h da manhã e seguiu até a tarde desta terça-feira (7), dentro e fora da Prefeitura de Cabo Frio.

Conforme a Folha antecipou na última semana, os profissionais de educação da rede municipal marcaram uma greve de 24 horas como forma de protesto por pagamentos e direitos não cumpridos. Como parte da manifestação, sindicalistas foram até a antessala do gabinete da prefeita, e em uma tentativa de serem atendidos, cantaram palavras de ordem pedindo o cumprimento de direitos que há anos estariam sendo desrespeitados.

Ainda na antessala, guardas municipais tentavam impedir a manifestação. Sem sucesso, resolveram jogar gás de pimenta no local, causando ainda mais confusão: no local havia crianças, idosos e até deficientes físicos que aguardavam atendimento, e não tinham nenhuma ligação com o protesto.

Após os manifestantes deixarem o prédio, um guarda municipal abordou a coordenadora geral do Sepe Lagos, convidando-a para ir com ele até a delegacia alegando crime de injúria. No entanto, ao ser questionado por Denize que injúria ela teria cometido, o GM disse apenas que a pessoa que vai representar contra ela também vai estar na delegacia. Presente na manifestação, o professor Luiz Guilherme Scaldaferri considerou grave todo o episódio.

– A gente estava fazendo uma manifestação pacífica para sermos recebidos pela Magdala, e dentro da antessala da prefeitura os guardas municipais jogaram gás de pimenta nos professores. Estamos na semana do dia das mães, somos uma categoria majoritariamente de mães, a prefeita é uma mulher que também é mãe, e mesmo assim jogaram spray de pimenta na antessala onde havia inclusive crianças e deficientes. Isso é muito grave. E para piorar, estão tentando conduzir a coordenadora geral do Sepe para a delegacia. Servidores da prefeitura jogaram gás de pimenta nos servidores da prefeitura e tentam prender servidores da prefeitura. Estamos aqui cobrando nossos direitos, a prefeita não cumpre a palavra dela. Enfim, é o caos. Uma vergonha - declarou.
O chefe de gabinete da prefeita, Vitor Meireles Gonçalves, chegou a se reunir com os sindicalistas na porta da Prefeitura, e enumerou os crimes que Denize teria cometido.

– Nós todos aqui presenciamos a senhora chamar os guardas de safados por três vezes. Isso, no código penal, está descrito como desacato. Manifestação pacífica e ordeira é muito bem vinda - disse Vitor.

Após a repercussão negativa da tentativa de prisão da coordenadora do Sepe Lagos, o governo municipal voltou atrás na decisão. O chefe de gabinete chegou a dizer que iria tentar agendar uma conversa do sindicato com a prefeita, o que não aconteceu. Segundo Denize, “a prefeita saiu covardemente pelos fundos para não nos receber”.

– Vamos ver se ela vai cumprir com o recado que mandou pelo chefe de gabinete, e nos receber na semana que vem. Quiseram me levar coercitivamente para a delegacia, mas voltaram atrás, e agora vamos cumprir a segunda parte do que ficou acordado em assembleia, que é seguir para a Secretaria de Educação (SEME) e protocolar nosso pedido, que nos paguem o que nos devem. Estamos aqui para dizer não a esses desmandos - revelou Denize, convocando os profissionais da educação a caminharem até a SEME e pedir o pagamento dos direitos que estariam sendo negados.

Em conversa com a Folha, Denize explicou que a motivação da greve e da manifestação “são as dezenas de falsas promessas feitas pelo governo municipal, e pelo fato da prefeita Magdala Furtado, e da secretária de Educação, Rejane Jorge, ignorarem pedidos do sindicato para uma negociação transparente”.

Entre as reivindicações do Sepe Lagos estão o reajuste salarial anual obrigatório por lei mas não concedido há dois anos; cumprimento do piso salarial do magistério (Lei Federal Nº 11.738/2008) para todos os docentes, com respeito às progressões de carreira; melhorias urgentes na infraestrutura das escolas, creches e transporte escolar; que nenhum funcionário continue a receber menor do que o salário mínimo; pagamento dos enquadramentos por formação, e dos resíduos trabalhistas devidos aos servidores da ativa e aos aposentados e pensionistas; fim do que chamam de “calote criminoso”, que se arrasta há quase um ano, com o descumprimento do direito à paridade salarial dos aposentados e pensionistas; imediata convocação e posse aos servidores aprovados em concurso; criação de cargos públicos para ocupação por concursados para cada vaga de trabalho existente nas escolas; descongelamento do Piso Municipal de Referência Salarial e do Plano de Carreiras dos servidores não docentes, com imediata instituição do Comparp; vale transporte para os contratados, entre outras demandas.