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Violência no Rio custa R$ 300 milhões ao ano para a Saúde pública

Estudo encomendado pelo Banco Mundial calcula impacto da criminalidade no SUS

20 março 2016 - 08h11Por Rodrigo Branco
Violência no Rio custa R$ 300 milhões ao ano para a Saúde pública

A violência urbana não deixa apenas marcas sociais, mas também causa um grande estrago nas finanças públicas. Essa é a conclusão de um estudo encomendado pelo Banco Mundial, segundo o qual, em 2013, crimes como homicídios e latrocínios consumiram mais de R$ 5 bilhões do Sistema Único de Saúde (SUS).

Somente no estado do Rio, foram R$ 307 milhões, terceiro maior custo do país, atrás apenas de São Paulo (R$ 1,2 bilhão) e Minas Gerais (R$ 585 milhões). Os valores foram atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015. De acordo com o responsável pelo relatório, o vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Renato Sérgio de Lima, os gastos no setor de saúde em função de causas externas mais do que dobraram em dez anos.

– Em apenas 10 anos, de 2004 a 2013, os gastos do setor de saúde com essas causas externas, não relacionadas a doenças ou ao envelhecimento da população, cresceram mais de 130%, saindo de R$ 2,2 bilhões para os atuais R$ 5,4 bilhões – afirmou o sociólogo, que complementa.

– Os números indicam uma clara necessidade de se buscar ganhos de eficiência e melhorias na gestão da segurança pública no país. O que fica claro aqui, mais do que o volume de recursos que poderia ser aplicado em outras áreas ou mesmo para tratar pessoas doentes, é que as ineficiências no setor de segurança geram um custo tangível em número de vidas – conclui o pesquisador.

Estudioso do fenômeno da violência urbana, o ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o coronel reformado Róbson Rodrigues vê com bons olhos o estudo, mas alerta que os impactos da criminalidade vão muito além da Saúde Pública.

– A pesquisa constata algo que já vínhamos falando que é prejuízo para qualquer esfera da vida na realidade social brasileira, seja na saúde; seja na vida democrática nas ruas, pois onde há violência nos níveis que nós temos dificilmente as instituições funcionam com tranquilidade. Outro aspecto fundamental é a educação que tem números muito ruins. O setor fica ainda mais problemático quando junta a ineficiência do setor com aspectos de violência, em áreas de vulnerabilidade social – argumenta Rodrigues, que também é pesquisador da ONG Instituto Igarapé.

Renato Sérgio, vice-presidente do FBSP concorda. Ele aponta que o custo social dos problemas de segurança pública é muito superior ao registrado no sistema de saúde.

– Na realidade, o custo em perda de capital humano, em perda de vidas, foi de R$ 128,76 bilhões em 2013. Apesar de não haver ainda uma base para calcular esses resultados para 2014 e 2015, nada indica que houve redução nesses números. Na verdade, eles tendem a subir – lamenta.

Na ponta do processo, o comandante do 25º Batalhão da PM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, prefere não se aprofundar no tema. Para ele, a região não tem peso sobre as estatísticas divulgadas no estudo.

– Saúde pública é um dever do estado. Por aqui é difícil estabelecer esse paralelo, pois não afeta tanto – acredita.