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estupro

Região registra 143 casos de estupro, aponta Dossiê Mulher

Pesquisa revela que cidades como São Pedro, Arraial e Búzios têm as maiores taxas

06 julho 2016 - 10h06Por Rodrigo Branco

Enquanto a brutal e emblemárica morte da estudante Rayzza Ribeiro, em 22 de abril, não é esclarecida pela polícia, os números da violência contra a mulher na Região dos Lagos e em municípios próximos, como Rio das Ostras, não param de subir. 
A tendência é revelada em levantamento feito anualmente pela secretaria estadual de Segurança Pública, o Dossiê Mulher, que teve a última edição, com dados referentes ao ano de 2015, divulgada há algumas semanas.
No estudo realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), as sete cidades da região ocupam lugar de destaque negativo no que diz respeito ao número de estupros registrados no ano passado. Ao total, foram 143 casos – Araruama (40), São Pedro (35), Saquarema (18), Búzios (15), Arraial (15), Cabo Frio (12), Iguaba Grande (8). 
O estudo traz também a taxa de estupros e homicídios a cada 100 habitantes. Para o primeiro item, Arraial registrou no ano passado 101,4 casos de estupro para um grupo de 100 mil habitantes e Búzios, 96, 3, segundo a mesma amostragem. Rio das Ostras (71,9); São Pedro da Aldeia (71,4) e Cabo Frio (60,3) também estão entre as cidades que, proporcionalmente, têm a maior incidência desse tipo de crime no interior do estado. 
Já com relação aos homicídios, o município cabista lidera na Baixada Litorânea, com 13,5 mortes de mulheres para um grupo de 100 mil habitantes, seguido por Cabo Frio, com 11,2. Depois aparecem Iguaba Grande (7,5); Saquarema (4,8); São Pedro (4,1). Neste levantamento proporcional, Búzios não registra casos, aparecendo zerado. 

Caso em Rio das Ostras
ganha redes sociais

– Não podia deixar isso passar em branco porque esse cara ainda está solto. Ontem aconteceu comigo, amanhã pode ser com outra pessoa. 
Para a violência que tinha sofrido menos de 48 horas antes, a voz que atendeu a reportagem no outro lado da linha era até tranquila, mas firme. A mesma convicção Aimeé Laquite usou para justificar o fato de ter exposto nas redes sociais o drama vivido na noite de domingo, depois de pegar uma lotada para o bairro onde mora, Mar do Norte, em Rio das Ostras.
Violentada sexualmente e espancada, Aimeé dá vida a números levantados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Mostrando não estar alheia aos dados, Aimeé afirma que, também por esse motivo, resolveu tornar públicas as agressões que sofreu. 
As caixas de analgésico tentam curar as dores físicas causadas pelos socos, tapas e chutes, enquanto o trauma psicológico, ainda recente, deve demorar para sarar. Com medo, a jovem revela que pouco tem saído de casa e quando o faz, é sempre acompanhada dos pais que, garante, deram total apoio.
– Eles me deram um apoio que me deixou sem palavras. Na internet, a maioria me chamou de guerreira e corajosa. Só alguns, mulheres por incrível que pareça, me disseram que inventei tudo ou que procurei por isso – relata, surpresa, Aimeé que só titubeia, como quem ameaça chorar, ao relembrar os momentos de pavor vividos no domingo.
O relato ganha eco rapidamente. Ao sair da delegacia onde prestou queixa, por exemplo, Aimeé encontrou uma mulher grávida que tinha sofrido o mesmo tipo de abuso.

* Confira matéria completa na edição desta quarta-feira (6) da Folha dos Lagos.