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Violência

Onda de violência na região assusta moradores

PM faz operação nos municípios para aumentar 'sensação de segurança' da população

05 maio 2017 - 08h04Por Texto: Rodrigo Branco | Foto: Divulgação PM
Onda de violência na região assusta moradores

Considerada uma cidade pacata, Arraial do Cabo amanheceu dife­rente ontem. Vinte e seis policiais militares em seis carros fizeram uma operação nos morros da Cabo­cla e da Boa Vista e no Sítio. Tudo por causa dos acontecimentos da noite anterior, quando um adoles­cente morreu e três outras pessoas ficaram feridas após ataques a tiros no Sítio e no distrito de Figueira. A polícia investiga uma possível ligação com disputa entre facções criminosas rivais.

O primeiro crime aconteceu nas imediações da rodoviária. Segun­do testemunhas, um carro passou e homens atiraram, matando o jo­vem Ruan Alves, de 17 anos, que comprava doces em uma barraca. Marcos Vinícios Adriano Ferreira e Claudemir de Lima foram atingidos e levados para o Hospital Geral de Arraial. Pouco depois, no distrito de Figueira, um homem identifica­do como Alexandre Barbosa Santa­na, de 20 anos, também foi atingi­do por disparo vindo de um carro. Nenhuma das vítimas tem ligação comprovada com a criminalidade.

A polícia investiga se há relação entre os dois episódios.

– Provavelmente partiu de um mesmo carro. Mas não há nada fe­chado. É muito preliminar para dar­mos uma conclusão. Minha equipe está empenhada. Também acredita­mos que não tem nada relacionado à capital – disse a delegada da 132ª DP (Arraial), Flávia Monteiro.

Apesar dos esforços para manter a normalidade, na cidade o assunto dominou as rodas de conversa. Em grupos de WhatsApp circularam áudios e boatos de possíveis ata­ques a ônibus, ao Hospital Geral e a unidades policiais. No Morro da Cabocla, comerciantes preferiram manter as portas fechadas e muitos pais não enviaram os filhos para a escola. A secretária de Educação Mônica Nilze se pronunciou:

– Um número maior de pais foi buscar os filhos – disse a secretária.

O clima de apreensão se estendeu pelas cidades vizinhas. Em Cabo Frio, o policiamento também foi re­forçado na região do Grande Jardim Esperança após a morte do trafican­te Carlos Eduardo Pereira de Sou­za, o ‘Malvado’ em uma operação policial no Morro do Salgueiro, Zona Norte do Rio, na última quar­ta. ‘Malvado’ é considerado um dos líderes do tráfico naquela região. Por causa disso, apesar da presença policial, alguns comerciantes prefe­riram fechar as portas.

Apesar disso, o comandante do 25º Batalhão da PM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, disse que a situação ficou sob controle e descartou possível ligação dos cri­mes da região com os últimos acon­tecimentos de violência no Rio.

– Não tem nada a ver, é um pú­blico local. Mas está tudo normal, tranquilo. O ‘caôzap’ está virando uma epidemia. A população tem deixar de fumar e cheirar, porque o consumidor é que movimenta essa engrenagem do tráfico – disse.

Para completar o quadro, em Bú­zios, no começo da manhã de ontem, duas vans da linha Rasa x Centro foram assaltadas, uma na altura da Madeireira e outra na Rua Justinia­no de Souza, sentido Alto da Rasa. Segundo informações das vítimas, os assaltos foram praticados pelo mes­mo grupo. O caso foi registrado na 127ª DP (Búzios).

Para assustar ainda mais, em Ara­ruama, a polícia prendeu Robson da Silva Ribeiro, acusado de matar o próprio filho no começo de março.

PM faz operação nos municípios para aumentar 'sensação de segurança' da população

Foi-se o tempo em que a Região dos Lagos era considerada uma ilha de absoluta tranquilidade. A escalada da violência é uma realidade, baseada em estatísticas oficiais, conforme publicado em reportagem na edição de anteontem da Folha. Para os moradores que já viveram tempos bem mais calmos só restou a lamentação e a cobrança por uma ação das autoridades.

– Só deu tempo de deixar as comprar no banco do carona e me jogar no chão – resume a paisagista Eloise Maciel, de 38 anos, que testemunhou a ação criminosa próxima à rodoviária de Arraial.

Segundo Eloise, a ação foi rápida. Ela disse que sequer chegou a perceber que as vítimas foram atingidas e as vidraças estilhaçadas. Moradora de Arraial desde que nasceu, ela comentou sobre o susto que tomou na saída do supermercado.

– Não me lembro de ter passado por uma situação dessas. Não acho normal que isso possa acontecer na nossa cidade – lamenta.

A jornalista de Búzios Janayna Teixeira é outra que mostra indignação com o rumo da segurança pública na região.

– Por mais que a PM esteja reprimindo a tráfico, é um trabalho de enxugar gelo, pois os traficantes são presos hoje e em seguida outros assumem o lugar – disse.

Em Cabo Frio, quem mora na periferia da cidade se diz ‘refém do medo’. Um morador da Boca do Mato que não quis se identificar afirmou que existe um toque de recolher implícito na localidade.

– Hoje, depois das 22 horas não é possível sair na rua. Não há direito de ir e vir. Quando não é a polícia são os bandidos que chegam atirando – critica o homem.