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Motociclista atropelado em Cabo Frio já passou por 7 cirurgias

Vídeo mostra que Weslei Conceição não estava na contramão e contradiz advogado de Victor Ribas

28 abril 2017 - 09h09Por Fernanda Carriço e Rodrigo Branco | Foto e vídeo: Reprodução
Motociclista atropelado em Cabo Frio já passou por 7 cirurgias

Há 20 dias internado no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, Weslei Silva da Conceição, 28 anos, passou ontem por uma nova cirurgia. É a sétima desde que sofreu um acidente no cruzamento da Avenida Teixeira e Souza com a Rua Lopes da Guia, no Centro de Cabo Frio, no dia 6 de abril. Weslei conduzia uma motocicleta no momento da colisão com o carro guiado pelo surfista Victor Ribas.

O estado de saúde é delicado, em consequência da profundidade de uma fratura exposta na bacia.

– O corte é muito profundo e não há previsão de alta – explicou Gustavo Castro, patrão de Weslei no restaurante Showrasquinho, que se solidarizou a prestar todo o auxílio à família do funcionário.

– Ele está desesperado porque está no setor de custódia do hospital e vê de tudo. Mas falo com ele todos os dias e o encorajo. O Weslei é um excelente funcionário, todos gostam muito dele. Minha torcida agora é para que ele saia dessa – afirmou.

Vídeo mostra que vítima não estava na contramão

Com o vídeo da batida no celular, Gustavo desmente a versão do advogado de Victor Ribas, Paulo Badhu, que afirmou em entrevista à Folha que Weslei estaria na contramão.

– O fato é que o Victor Ribas, além de não prestar socorro, não deu sinal até agora. O Weslei não estava na contramão, como disse o advogado dele. O vídeo do acidente não deixa dúvidas. E o Victor não apareceu até agora para arcar com a responsabilidade dele. Eu que estou bancando tudo. Dia sim, dia não vou a São Gonçalo. Só de posto de gasolina já gastei R$2.700 – declarou Gustavo Castro.

O empresário disse que não cogita entrar na Justiça e que tudo pode ser resolvido com diálogo.

– Eu não quero problema com a Justiça. Quero que ele pague a moto, que teve perda total e pague pelo tempo que o Weslei ficar sem trabalhar. A hora que o Victor quiser é só marcar comigo e conversamos. É só ele arcar com os compromissos dele – finalizou

Victor Ribas: "Nunca deixaria de prestar socorro"

Com exclusividade para a Folha, o surfista cabofriense Victor Ribas falou ontem pela primeira vez sobre o atropelamento do motociclista Weslei Silva da Conceição, no Centro, na madrugada do último dia 6. Victor confirmou que dirigia o próprio carro, um Toyota Etios, pela Avenida Teixeira e Souza, quando sentiu o impacto da colisão. No entanto, ele disse que não percebeu do que se tratava e que não viu Weslei caído.

– Eu vinha pela avenida principal, por volta das duas e meia da manhã, quando senti que bateram em mim. Falei: ‘Cada um com seu prejuízo’. Não vi que era um acidente. Depois que fui saber. Quando colidiu, ele (Weslei) foi para o lado da calçada. Dei uma meia-parada, olhei para trás e não vi nada. Resolvi seguir viagem e voltei para casa – relata Victor, que diz ainda ter tentado ligar para os Bombeiros para se informar.
Sobre o fato de não ter parado, ele disse que chegou a especular a hipótese de um assalto.

– A gente fica nervoso com essa situação. Nunca se sabe, vai que é alguém que queria me assaltar. Quantas pessoas eu já salvei no mar? Nunca deixaria de prestar socorro a alguém – se defende.

A versão de Victor contradiz a do advogado dele, Paulo Badhu, publicada na edição de ontem da Folha, na qual o surfista não teria parado o carro por ‘receio’, em função de uma suposta aglomeração de pessoas no local. Além disso, o atleta também não foi direto para a delegacia conforme Badhu havia relatado. Por outro lado, ele confirmou a fala do advogado de que não está em boas condições financeiras. Ainda assim, ele comentou que pretende ajudar Weslei, internado há quase 20 dias no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo.

– Estou querendo ajudar, mas hoje não tenho como, não sou mais assalariado. Independentemente do que a Justiça vai falar, se puder vou ajudar – promete ele, que diz ter sido procurado por um amigo do motociclista.

Surfista responderá por lesão corporal culposa

Sem a companhia do advogado, Victor Ribas esteve na noite de anteontem na 126ª DP (Cabo Frio) para prestar depoimento. O delegado-titular, Renato Mariano, afirmou que a versão apresentada pelo surfista não muda o rumo do caso. Ele espera fechar o inquérito em 15 dias e, até lá, busca outras provas e testemunhas para apurar a responsabilidade pelo acidente.

– Em uma análise fria, só a alegação dele não seria capaz de isentá-lo da omissão de socorro. A situação dele não melhora nem complica. Vai depender do conjunto de provas. O que é certo agora é que era ele quem dirigia o carro e vai responder por lesão corporal culposa na condução de veículo automotivo – explica.

No entanto, o delegado afirmou que, se o atleta for responsabilizado, ele só responderá a um processo criminal se a vítima quiser. Contudo, isso não influenciaria possíveis ações de indenização.