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Durante encontro, comandante da PM reitera ligação entre homicídios e crescimento do tráfico

Apenas em 2017, polícia já apreendeu mais de 200kg de drogas

23 maio 2017 - 07h32
Durante encontro, comandante da PM reitera ligação entre homicídios e crescimento do tráfico

Em menos de cinco meses do ano, foram apreendidos em toda a região quase 200 Kg de drogas pela polícia. Essa e outras infor­mações referentes à produção policial no primeiro semestre de 2017 foram divulgadas ontem pelo comando do 25º Batalhão da PM durante um encontro pro­movido para os profissionais de imprensa no quartel da corpo­ração, no Jardim Caiçara. Para o comandante, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, a grande quantidade apreendida de entorpecentes reforça o fato de que a atividade do tráfico im­pulsiona os demais crimes, so­bretudo, os homicídios.

– O tráfico acaba sendo o grande pano de fundo para to­dos os outros delitos. No tráfico, você tem a arma de fogo que vai acabar ocasionando um homicí­dio. Tem o viciado que não tem dinheiro e que acaba cometendo o roubo ou o furto pra poder sus­tentar o vício. Então é uma meta nossa combater o tráfico e a pro­va disso é a quantidade de droga que nós apreendemos – comen­tou o comandante.

Essa não é uma tarefa das mais fáceis. Segundo os indicadores estratégicos de criminalidade, o número de casos de letalidade violenta, que incluem homicídios dolosos, roubos seguidos de morte e lesões corporais se­guidas de morte, entre janeiro e abril de 2017, ultrapassaram a meta estabelecida. Foram 112, enquanto a quantidade conside­rada ideal pela polícia seria de 98. O mês de março foi consi­derado decisivo para a disparada desses tipos de crime. Segundo a polícia, foi justamente a disputa interna entre facções que elevou a quantidade para 36, enquanto o esperado era 23.

O item ‘roubos de rua’ tam­bém periga ficar no vermelho. Até o momento, foram registra­das 442 ocorrências. Para os seis primeiros do ano, a estimativa é que sejam 569. Seguindo uma tendência observada em todas as regiões, as anotações de roubos de veículo também não param de subir. Foram 155 até maio. O número já ultrapassa a meta esti­pulada para o primeiro semestre, que é de 141. Mais do que nun­ca, com o agravamento da crise financeira no Estado do Rio e a escassez de material humano (são 854 policiais divididos em várias escalas), a PM aposta na análise dos dados, no planeja­mento das ações e na parceria com as guardas municipais.

– Os recursos são escassos. A gente não tem efetivo para colo­car um policial em cada esquina. O efetivo é aplicado onde a nos­sa análise criminal aponta onde há maior incidência (de delitos) – explica o comandante.

Confira abaixo os números da análise criminal feita pela polícia e uma entrevista com o comandante do 25º BPM:

ENTREVISTA – COMANDANTE DO 25º BPM, TENENTE-CORONEL ANDRÉ HENRIQUE DE OLIVEIRA

“Interior virou mercado consumidor atrativo”

O comandante do 25º Batalhão da PM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, concedeu uma entrevista exclusiva para a reportagem após receber profissionais de imprensa na sede da corporação. Ele aprovou a oportunidade de mostrar o trabalho da tropa e as dificuldades para realizá-lo.

 Folha dos Lagos – Quando a população vai poder ficar mais tranquila com a queda nos números de homicídios?

André Henrique – A gente tem um estudo feito pela análise criminal e acompanha isso de forma constante. A gente percebe que a maior parte desse homicídios acontece por conta do tráfico de drogas. Ou por estar devendo à boca de fumo, ou por participação direta, ou por briga de facções ou por disputas internas. Em março, tivemos um problema sério em Saquarema, Araruama, São Pedro e Unamar, onde houve uma movimentação entre eles, que culminou em algumas mortes. Por parte da PM, a gente trabalha focado na retirada de armas de circulação, tanto que em cinco meses, retiramos 110 armas. Quantos homicídios essas armas não poderiam causar? E Polícia Civil também vem fazendo um trabalho expressivo na elucidação desses casos.

Folha – O senhor diz constantemente que o problema do tráfico está ligado ao consumo.

André Henrique – A gente tem que trabalhar na prevenção porque quem financia tudo isso é o usuário. A população tem que se dar conta disso e cada um tomando conta da sua família, orientando, vai melhorar.

Folha – Algumas das ocorrências das últimas semanas, envolvem suspeitos de comunidades do Rio, como os Complexos da Maré e do Alemão. São fatos isolados ou dá pra dizer que se trata de migração da criminalidade para a Região dos Lagos?

André Henrique – Não falo em migração. Mas é fato que, com as UPPs, o tráfico entendeu que o interior é um grande mercado consumidor. Hoje, em parceria com o doutor (Luiz) Henrique (Marques, da 118ª DP), foi identificado claramente que marginais da Favela Nova Holanda estão tentando ter o domínio da venda de drogas em Araruama. Isso culminou em uma série de mortes e nessa investigação com mais de 20 mandados de prisão cumpridos. Então a gente percebe essa vinda de marginais para a Região dos Lagos em busca de mercador consumidor.

Folha – A integração com as guardas municipais vai ajudar realmente a diminuir o problema da falta de efetivo suficiente da PM?

André Henrique – Temos uma parceria boa com todos os delegados, dos sete municípios. Isso faz a diferença, como no caso da carga roubada em Unamar (no último sábado, confira no site da Folha). A troca de informações com a Polícia Civil é fundamental. E a Guarda Municipal tem nos ajudado nos centros comerciais. Temos trocado informações sobre a mancha criminal e eles têm nos ajudado em termos de ostensividade para poder fazer frente a esses delitos.

Folha – Como a crise no Estado tem afetado o trabalho do 25º BPM?

André Henrique – Com relação a viaturas, temos parceria com a iniciativa privada e com as prefeituras, que têm nos auxiliado. Não temos hoje problema de viatura não estar rodando. Armas e coletes temos de forma tranquila, sem nenhuma dificuldade. O que pesa mesmo é a questão salarial, que vem atrasando. Isso implica diretamente na motivação do policial, mas a gente vem buscando outras estratégias como dispensas meritórias e elogios para que a motivação do nosso policial militar não seja perdida.