FILIPE CARBONE
“Servir e proteger”. Ironica- mente, o juramento que o sol- dado Márcio Henrique Garcia Castor carregava em sua farda interrompeu uma promissora carreira de serviços prestados à Polícia Militar. Márcio apontava uma arma na tentativa de prender uma assaltante no Braga, em Cabo Frio, e acabou confundido com um criminoso pelos próprios colegas de trabalho – o que lhe rendeu cinco tiros de fuzil e uma morte prematura, aos 22 anos. A história completa cinco anos no próximo dia 14 de setembro, mas ainda está longe de ter um ponto final. A família do PM reclama da lentidão da Justiça, e os autores dos disparos seguem carreira na corporação – no 25º BPM, em Cabo Frio.
De acordo com o padrasto de Márcio, Tiago Silva, os policiais acusados seguem trabalhando normalmente.
– A minha objeção é em relação à Polícia Militar. O comandante não prestou nenhum esclarecimento e não respondeu as nossas tentativas de contato. Além disso, os policiais continuam trabalhando na rua, no mesmo bairro onde houve o assassinato – afirma.
De acordo com uma reportagem feita por ‘O Dia’ no dia da morte de Márcio, o coronel Lima Castro, porta voz da Polícia Militar na época, informou que os oficiais iriam trabalhar no setor administrativo até o inquérito ser resolvido.
– Os dois policiais que mataram o colega vão responder a Inquérito Policial Militar e ficarão afastados do serviço nas ruas até que o processo seja concluído – afirmou Lima Castro, a‘O Dia’.
A assaltante que Márcio estava tentando prender foi condenada há algumas semanas, mas recorre em liberdade.
Dor pela perda ainda abala família e amigos
A morte do soldado Márcio não só escancarou um problema para a Polícia Militar, mas, é claro, deixou dor e saudade em familiares e amigos. Em visita à redação da Folha na manhã de ontem, o padrasto Tiago contou que o enteado estava quase concluindo a faculdade de Direito e, orgulhoso, lembrou que, de 50 convocados para a PM, Márcio havia passado em segundo lugar.
– O Márcio era um menino estudioso, um garoto do bem, de boa índole e todos que o conheciam gostavam dele – derrete-se. Ele estudou grande parte de sua vida escolar no Colégio Sagrado Coração de Jesus, onde colecionou amigos. “Apesar de ser anos mais velho que eu, foi um grande amigo que tive. Na época, senti raiva, mas hoje ficam as lembranças boas”, diz um deles, Matheus Braz, 23.