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Folha ao Vivo: Filipe Rangel fala sobre racismo

Editor chefe do jornal Folha dos Lagos falou sobre a sua coluna "Não somos Maju"

13 julho 2015 - 15h30

As recentes ofensas sofridas pela jornalista Maria Júlia Coutinho, conhecida como Maju, responsável por apresentar a previsão do tempo no Jornal Nacional, trouxe à tona uma velha discussão para os brasileiros: o racismo. Em entrevista no Folha ao Vivo, Filipe Rangel, o editor chefe do jornal Folha dos Lagos, que teve a coluna “Não Somos Maju” como tema na rede municipal de ensino. Filipe falou sobre o tema e comentou sobre como o racismo acontece todos os dias, mas com pessoas anônimas e não recebem a devida atenção.

– A coluna defende que a população é tomada por uma comoção do momento. O Brasil é um país racista e isso precisa ser discutida de uma forma madura, não no fogo do momento. Eu quis falar justamente sobre a falta de atenção do racismo sofrido pelas pessoas que não são conhecidas. Durante a campanha “Somos todos Maju” as pessoas falavam que era um absurdo uma pessoa que se formou e trabalha sofrer racismo. Racismo é um absurdo independente da formação que as pessoas tiveram – diz.

O país que tem a maioria da sua população negra, 51%, mostra uma realidade diferente. Na prática, a população negra, assim como as mulheres, é tratada como minoria. Para Filipe, essa relação fica clara no modo em que a mídia mostra a população negra.

– No Brasil a questão do racismo transita em um estado ambivalente onde os negros, que são a maioria, são tratados como a minoria na representatividade econômica e social. Você liga em uma novela da Globo e isso fica claro no momento em que os negros são representados em papeis periféricos. A partir do momento em que os negros começam a ter uma posição de destaque, como é o caso da Maju, os mais conservadores se sentem incomodados – afirma.

Filipe falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos negros, mas falou que os comportamentos das pessoas mudam de acordo com a classe social. Segundo ele, esses recortes servem para maquiar os problemas de racismo enfrentados no Brasil.

– A invisibilidade social acontece, mas é preciso entender o porquê disso acontecer. Um negro de classe média, que estuda em bons colégios, também passa por dificuldades, mas com certeza é diferente daquele que mora em uma favela. Isso faz com que as pessoas desacreditem e equalizem a sociedade de uma maneira forjada. Eu tenho poucos casos de racismo na minha vida, mas tenho certeza que seria diferente se eu morasse no Jacaré, por exemplo – completou.