Nicia Carvalho
A memorialista Meri Damasceno se prepara para mais um passo em sua trajetória profissional. Previsto para ser lançado no aniversário de 400 anos de Cabo Frio, a escritora finaliza os preparativos do livro “Guardas da Memória”, volume II. A brochura aborda aspectos da cidade sob o prisma de antigos moradores a partir de entrevistas feitas pela autora entre 1994 a 2006.
– O livro faz parte de um projeto de ainda não sei quantos livros mais. Quase todos os entrevistados infelizmente já estão falecidos. O objetivo é resguardar a memória oral das pessoas que já morreram e que trazem o cotidiano da cidade – explicou a escritora.
Ao longo destes 12 anos de trabalho, Meri afirma que reuniu cerca de 300 horas de entrevistas, especialmente na reta final quando conversou com pessoas com mais de 60 anos. De 2005 a 2006, os entrevistados eram maiores e 70 anos. A estimativa é de que sejam feitos 150 exemplares do “Guarda”, que no volume dois usou cerca de 20 horas de gravações.
Para ela, a memória oral, junto com as imagens da cidade feitas por fotógrafos como Wolney Teixeira, Picareli, Malta e Wase, “completa o acervo sobre a história da cidade, pois o visual se une à fala”. Ela lembra ainda da importância do Foto Rex, antigo laboratório fotográfico.
Segundo Meri, um problema de saúde nos últimos quatro anos, que envolveu uma cirurgia na coluna, a tirou da frente de batalha na produção do livro e atrasou o desenvolvimento o projeto. Contudo, ela garante que já está em forma e, aos poucos e volta à ativa. Além do provável lançamento em novembro, que está em fase de ajustes finais de patrocínio, agenda e local, Meri se debruça ainda em outro trabalho: o Bolsa da Memória, que se trata de um kit com os últimos cinco livros da autora, com lançamento também para novembro.
De acordo com Meri, compõem o kit “Cabofrianças”, primeiro livro lançado em 1999; “Cabistezas”, de 2002; “Água: seu curso na história”, de 2006 e “Guardas da Memória”, volume I, de 2012. Mesmo com bom número de publicações sobre a história regional, Meri ainda possui farto material sobre Cabo Frio e Arraial – que caberiam em mais duas ou três publicações –, além de gravações inéditas sobre Armação dos Búzios, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. A maior dificuldade, destaca, é conseguir patrocínios.
– Falta apoio, conseguir verba ou quem patrocine. Normalmente custeio com recursos próprios. O volume dois do “Guarda” talvez chegue a 150 exemplares porque fui contemplada, em última chamada, com verba do Proedi, de R$ 8 mil e também investi. A impressão será feita numa copiadora da cidade porque sai mais em conta. Muita gente está fazendo assim para reduzir custos – concluiu.