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CARNAVAL 2020

Vila Isabel impressiona pelo canto e visual, e se coloca na disputa pelo título

Escola de samba vencedora do Grupo Especial do Rio será conhecida a partir das 16h, na apuração das notas

25 fevereiro 2020 - 14h54Por Rodrigo Branco

Ao fim dos desfiles de domingo na Marquês de Sapucaí, a impressão foi a de que a escola campeã do Carnaval ainda não havia passado mas, após as apresentações desta segunda-feira (24), é real a chance de, pela primeira vez desde 2010, uma agremiação que participou da primeira metade do cortejo, levantar a taça. 

O público que esperou pela apresentação 'perfeita' na segunda noite, mais uma vez viu momentos de beleza, mas com erros de todas as escolas, o que deve proporcionar o maior equilíbrio na disputa registrado nos últimos anos. O ponto alto foi o desfile da Unidos de Vila Isabel, que congregou beleza estética e parte musical afiada.  O canto da comunidade do Morro dos Macacos impressionou. Por outro lado, a decepção foi a Unidos da Tijuca. A despeito de ter um belo samba, escola do Borel pecou na plástica, aquém do padrão de criatividade e realização já mostrado pelo aclamado carnavalesco Paulo Barros, que assinou o trabalho com Marcus Paulo e Hélcio Paim. 

O resultado do defile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio começa a ser conhecido a partir das 16h, com a apuração das notas das 13 agremiações, na Praça da Apoteose. Em sorteio realizado na manhã desta quarta-feira de cinzas (26), a ordem da leitura das notas será pelos quesitos: Fantasias, Samba-enredo, Comissão de Frente, Enredo, Alegorias e adereços, Bateria, Mestre-sala e Porta-bandeira e Harmonia, este último o primeiro critério de desempate. A transmissão da apuração do Grupo Especial pode ser ouvida pela Rádio Absoluta 1470 AM, de Campos dos Goytacazes, parceira da Folha dos Lagos, na cobertura dos desfiles na Sapucaí, pelo link https://www.radios.com.br/aovivo/radio-absoluta-1470-am/23021.

SÃO CLEMENTE 

A única escola da Zona Sul na elite do samba fez, a exemplo do ano passado, uma exibição que proporcionou leitura imediata do público. O enredo "Conto do Vigário" foi passado com clareza nas alegorias e fantasias do carnavalesco Jorge Silveira. Na parte musical, o canto do samba, cheio de detalhes e referências a termos atuais como 'fake news' , deixou a desejar em algumas alas, que apenas entoavam o refrão ou partes de maior animação. Aparentemente sem pretensão, o desfile que falou sobre as trapaças ao longo da história pode fazer a Amarelo e Preto de Botafogo sonhar com uma volta no Sábado das Campeãs.

VILA ISABEL

Assim como já havia acontecido em 2019, quando beliscou o terceiro lugar, a escola do bairro de Noel Rosa abusou da exuberância e do impacto visual para contar a história da formação dos povos que originaram Brasília, a capital federal. Porém, o ponto fraco da apresentação foi justamente a forma como o carnavalesco Édson Pereira contou o enredo, que não primou pela clareza. O que pode colocar a escola na rota do título é a parte musical, que passou pela força do canto dos componentes, na performance do intérprete Tinga e no suingue da bateria de Mestre Macaco Branco. Uma apresentação que, se não foi definitiva para garantir a taça, colocou a Azul e Branco entre as favoritas.

SALGUEIRO

A apresentação da escola da Tijuca se propunha a contar a trajetória do primeiro palhaço negro brasileiro, Benjamin de Oliveira, mas em boa parte do cortejo da Vermelho e Branco, o que se viu foram alas e alegorias que falavam do circo, de forma genérica, sem associação direta à vida do homenageado. Apenas nos últimos setores, a homenagem a Benjamin ficou mais explícita. Na parte musical, os componentes tiveram dificuldades para cantar o apenas limitado samba, fato agravado pela aceleração da bateria. No conjunto, porém, a escola agradou e pode voltar no Sábado das Campeãs.

UNIDOS DA TIJUCA

A escola do morro do Borel lançou mão de um grande número de tripés para contar a história da arquitetura e das grandes construções ao longo da Humanidade. Porém, faltou criatividade na abordagem apresentada pelos carnavalescos Paulo Barros, Marcus Paulo e Hélcio Paim. Mesmo as consagradas alegorias humanas de Barros não surtiram o efeito desejado. Como pontos altos, o samba-enredo e a bateria 'Pura Cadência'. Deve ficar na segunda metade da tabela.

MOCIDADE

A agremiação de Padre Miguel levou para a Avenida um dos sambas mais aclamados do ano, em homenagem à cantora Elza Soares. A escola teve intensidade no canto em toda a apresentação, que primou pela emoção, ao contar os aspetos da vida pessoal e profissional da homenageada. A evolução na pista teve certa lentidão, que pode ser despontuada na apuração. A Mocidade também teve irregularidade na parte visual, com alguns carros e fantasias de maior apuro estético que outras, de maior simplicidade na concepção e na realização. Destaque ainda para a apresentação da comissão de frente, da lata d'água na cabeça, e para o casal de mestre-sala e porta-bandeira. A agremiação luta com força por uma vaga entre as seis que voltam no sábado das campeãs.

BEIJA-FLOR

Engasgada com o décimo primeiro lugar, pior colocação da história da escola desde que entrou para o rol das campeãs, a Beija-Flor entrou na pista para encerrar os desfiles do Grupo Especial disposta a dar a volta por cima. E conseguiu se colocar no bolo das escolas que podem ficar nas primeiras colocações. Depois das críticas pela estética nos dois últimos anos, a agremiação de Nilópolis voltou ao padrão de luxo conhecido historicamente, tanto em fantasias como em alegorias. Completando 25 anos de bailado conjunto, o casal Selminha Sorriso e Claudinho deve faturar notas máximas. Destaque também para o samba e o canto, sempre forte, do componente nilopolitano. Contudo, o desenvolvimento do enredo, sobre o avanço da Humanidade por meio do caminhar em rotas, ruas e vias, deixou a desejar.