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Ventos fortes prejudicam pesca e aumentam apagões pela Região dos Lagos

Quedas de luz foram constantes nos últimos dias em São Pedro, Arraial e Cabo Frio

15 setembro 2017 - 12h50Por Texto e foto: Rodrigo Branco
Ventos fortes prejudicam pesca e aumentam apagões pela Região dos Lagos

Nas últimas semanas tem sido comum ver pelas ruas gente ajeitando a roupa ou o cabelo por causa das insistentes rajadas de vento. No entanto, muito além dos pequenos incômodos, a ventania tem trazido transtornos maiores para a região. Ontem, em Cabo Frio, o pico de velocidade das rajadas do vento Nordeste foi 38 Km/h, às 18 horas. Para hoje, no mesmo horário, a previsão é que o deslocamento do ar chegue a 35 Km/h. Nas demais cidades, o panorama é semelhante. 

Por causa disso, principalmente em Arraial do Cabo, as quedas de energia elétrica estão mais frequentes desde o começo do mês. Entre quarta-feira e ontem, diversos bairros, inclusive da região nos distritos, ficaram várias horas sem luz. Cabo Frio e São Pedro da Aldeia também sofrem com os constantes ‘apagões’.

A concessionária de energia, Enel Distribuidora, admitiu os problemas. Em nota, a empresa disse que “em alguns locais, galhos de árvores e objetos foram lançados sobre a rede elétrica”. Para dar conta de tantos atendimentos, a empresa disse que a aumentou o número de equipes trabalhando na região, para normalizar o serviço “o mais brevemente possível”.

Para os Bombeiros, o vento característico da região dificulta as ações de combate às queimadas. Segundo o comandante do 18º GBM, tenente-coronel Cássio Capelli, a corporação precisou usar dezenas de milhares de litros de água para debelar as chamas na Estrada do Guriri, há uma semana.
– Se houver uma ação dolosa, é uma situação que foge ao controle e ganha grandes proporções por abranger uma área bem maior – explica.

Pouca pesca, preço no alto – Os ventos fortes são considerados normais em agosto e setembro, mas a intensidade do fenômeno climático este ano está sendo considerado atípico. Por afetar a segurança, determinadas atividades estão sendo impactadas financeiramente. Principalmente aquelas ligadas ao mar. No caso dos passeios de barco, desde domingo, a Capitania dos Portos tem imposto restrições para as embarcações. Por causa da maré alta, as saídas estão limitadas ao Canal do Itajuru. Na segunda e terça passadas, nem isso.

– Temos dois horários fixos. Nos últimos dias, de dez saídas, fizemos uma. Mesmo assim com o percurso reduzido a 40%. Ganhamos 70% menos do que a gente poderia – comenta Émerson Paiva, que é administrador do terminal de barcos de Cabo Frio.

Dono do barco Iguaçu II, o barqueiro Ricardo Nascimento, 41, também teve que diminuir o número de pessoas que costumava levar para fazer pesca recreativa em alto-mar.

– Se não tiver em condições de sair eu não saio. Aí depende do grupo de pesca. Ou adia o passeio ou eles fazem em área restrita – resigna-se Ricardo, que se informa sobre os ventos em sites especializados e nos papos à beira do cais.

Às margens do Canal do Itajuru, é grande o número de barcos atracados. A maioria deveria estar no mar em busca do sustento da casa, mas as condições climáticas acabam impedindo. Mesmo os mais experientes respeitam.

– Quem está no mar, quer voltar, mas passa sufoco. Não tem como ir. É risco de vida – diz, prudente, o pescador Reinaldo de Paula, 62 anos, 30 de profissão.

Menos barcos no mar significa menos pescado. Com a oferta de produtos em baixa, os preços vão às alturas. No Mercado do Peixe, a elevação fica em torno de 25%. A anchova que, por exemplo, costuma ser vendida a R$ 13 o quilo; está saindo a R$ 20. O camarão subiu de R$ 30 para R$ 35 e o cação de R$ 20 para R$ 25.

– Tem chegado pouca mercadoria. De uns 20 ou 30 barcos, tem saído uns três ou cinco. Mesmo assim estão se arriscando – disse Jorge Luis, o ‘Pacífico’.

O colega Augusto Almeida, o ‘Angolano’ concordou.

– Quem se arrisca não quer vender barato – disse, para justificar o repasse do custo aos fregueses.