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aposentadoria

‘Vai ficar mais difícil aposentar’

Presidente de associação cabofriense analisa as novas regras

25 maio 2015 - 14h20
‘Vai ficar mais difícil aposentar’

A proposta sobre as novas regras da aposentadoria, aprovada na Câmara, não mexe com a vida de quem já está no descanso, mas muda o jogo para quem está perto de se aposentar. O presidente da Associação dos Aposentados de Cabo Frio, Álvaro Rodrigues dos Santos falou sobre os problemas encontrados pela Associação e pelos aposentados da cidade. Além disso, a mudança no cálculo do fator previdenciário também pode gerar um prejuízo de R$ 40 bilhões em dez anos ao Governo Federal, já que o Estado teria encargos que hoje não tem.

As novas regras ainda precisam passar pelo Senado. Atualmente, o cálculo leva em conta idade, contribuição e expectativa de vida do brasileiro. O novo projeto muda o tempo para aposentadoria: para o homem, é necessário que idade mais tempo de contribuição seja igual ou superior a 95. Para mulheres, 85. Para professores, são cinco anos a menos em cada caso. Hoje, um homem, por exemplo, se aposenta em média com 54 anos de idade e 35 de contribuição.

Imaginando uma pessoa que tenha aposentadoria no valor de R$1.500, e aplicando as mudanças no valor do cálculo, o benefício cairia para R$1.012,50. Nas novas regras, para receber o valor integral, essa pessoa teria que trabalhar seis anos a mais. A contraproposta da Câmara sugere que, se essa pessoa trabalhar pelo menos metade (três anos) desse tempo a mais, tenha direito de receber o valor integral. A diferença, no caso, seria paga pelo Estado, o que causa rejeição do Governo Federal.

De acordo com Álvaro, os recentes problemas do país fazem com que o Governo procure formas de amenizar as despesas. Ainda assim, o impacto que seria causado por aqueles que esperam pela sua aposentadoria só mostra um descaso ainda maior com toda a população.

– Sou aposentado há 25 anos e acho que essas regras dificultam muito o trabalhador. Eles mudam as regras da aposentadoria em decorrência dos escândalos do país e quem quer tanto se aposentar, e não tem culpa, que acaba sofrendo as consequências – afirma Álvaro.

As mudanças nas regras da aposentadoria mexem num ponto que há muito é problema para os aposentados: dinheiro. E é para sanar – ou pelo menos ajudar a minimizar – essas questões, que foi criada, há mais de 20 anos, a Associação dos Aposentados de Cabo Frio, que cresceu graças à força de vontade daqueles que nunca desistiram da instituição. A Folha visitou o local, e Álvaro falou sobre o importante papel de intermédio pelo qual a associação é responsável.

– Nós temos diversos convênios com clínicas de fisioterapia, odontológica e alguns médicos. Uma das coisas mais difíceis é conseguir contato com médicos e hospitais para fazer um novo catálogo. A maioria dos associados já conhece os serviços que oferecemos, mas sempre que eles vêm efetuar o pagamento da mensalidade – uma quantia simbólica de R$10 – procuram saber se estamos oferecendo algo novo – diz.

Apesar das dificuldades e da falta de apoio, Álvaro é otimista em relação à associação. Segundo ele, é o amor pelo que faz que mantém tudo funcionando. Além do auxílio a aposentados, o local também oferece cursos, que ajuda a manter tudo funcionando.

– Com o valor cobrado pela mensalidade podemos dizer que isso tudo aqui é um êxito. Isso tudo graças ao Sr. Luiz, responsável por fundar a associação. Mesmo assim, oferecemos cursos que estão “bombando”, como diz os jovens. Aqui dentro temos o curso de eletricidade e o de refrigeração. O valor é R$40, dividindo R$20 para o professor e R$20 para nós.

De acordo com Álvaro, ser presidente traz responsabilidades que afetam a vida pessoal. Entretanto, ele tem consciência da importância de tudo aquilo. Feliz por fazer parte de um projeto como esse desde o começo, ele conta que a é uma ser da diretoria há tanto tempo.

– Estou aqui há muito tempo, mas sou presidente há quase dois anos. Tenho minhas coisas pessoas para resolver e mesmo assim não deixo de vir aqui. O que eu faço aqui é pela honra. Manter algo tão importante como isso aqui por apenas R$10 por mês de cada é algo muito difícil. Mesmo assim eu sei que essa cultura é necessária, eu sei que precisamos desse espaço – aponta o aposentado.