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Passeio

Uma caminhada mais do que inspiradora pela história de Cabo Frio

Pequeno tour a pé faz relembrar as principais memórias da cidade

16 novembro 2015 - 10h43Por Filipe Rangel

A grama do vizinho é sem­pre mais verde, a gente não dá valor ao que tem do lado, santo de casa não faz milagre. São vá­rias as sabedorias populares que justificam o porquê de a beleza de Cabo Frio ainda precisar ser apontada e explicada. Não deve­ria ser assim. Andar pelas ruas estreitas da Passagem, descansar no Forte e gastar um tempo na Fonte do Itajuru são presentes que Cabo Frio proporciona e, às vezes, são subestimados.

Para deixar uma voltinha pela cidade ainda mais agradável, os pontos de interesse mais famo­sos daqui ficam perto um do ou­tro. Ou seja, você pode conhecer o melhor da história de Cabo Frio em um walking tour – ou um rolê a pé –, febre na Europa, mas pouco difundido por aqui.

Então, o turista que resolver abrir mão do ônibus turístico vermelho que perambula pelo município pode ser apresentado a Cabo Frio a partir da Passa­gem, o que faz sentido, porque foi ali que a cidade nasceu.

A origem do nome do bairro é divergente. Enquanto histo­riadores dizem que, no período colonial, aquela era a parte do Canal do Itajuru que servia para travessia marítima, alguns ‘anti­gos’ de Cabo Frio dizem que o bairro foi uma clareira de passa­gem por terra, no meio do mato, entre o canal e a Praia do Forte.

História à parte, o turista que chega pela primeira vez por aqui pode achar o bairro mais antigo de Cabo Frio parecido com Para­ty. Faz sentido. Foi na Passagem que foram feitas as primeiras ha­bitações e feitorias, além da Igre­ja de São Benedito – grande parte do bairro é tombada como patri­mônio histórico. Foi ali, também, que começou a ocupação portu­guesa, no início do século XVII.

Quando o comércio da cidade migrou para o Centro, a Passa­gem foi ocupada por pescadores, que deixaram como herança os barquinhos coloridos que são or­namentos da Praia da Passagem.

Dali, com poucos minutos ca­minhando se chega à principal praia da cidade, resguardada pelo Forte São Matheus. Construí­do no início dos anos 1600 para substituir o antigo forte, mais frá­gil, o São Matheus foi um impor­tante posto de defesa da cidade e por vezes serviu como ponto de abrigo para famílias indígenas.

Alguns dos canhões que ori­ginalmente pertenciam ao Forte podem ser encontrados em ou­tros lugares, como por exemplo na entrada do Clube de Regatas Flamengo, no Rio, e na praça de São Pedro da Aldeia.

Andando pela Praia do Forte e mergulhando na Nilo Peçanha, até a Avenida Nossa da Assunção, o turista há de se deparar com o Charitas. O prédio foi construí­do em 1837 e recebeu este nome (Casa de Caridade, em latim) por abrigar crianças abandonadas. O abandono de recém-nascidos era muito frequente, na época, por conta de relacionamentos ‘clan­destinos’ entre pessoas brancas e negras ou índias.

As crianças eram abandona­das em uma roda, logo na entra­da, e recolhidas pelas religiosas que moravam no lugar. O espa­ço posteriormente serviu como abrigo para refugiados, durante a Segunda Guerra Mundial, bi­blioteca municipal e hoje abriga exposições culturais.

Saindo do Charitas e virando à esquerda pela Avenida Nossa Se­nhora da Assunção, passa-se pela Igreja Matriz de mesmo nome da rua, de arquitetura típica do sécu­lo XVII, estilo jesuítico, com al­tares barrocos, que data de 1615, início do que hoje conhecemos como Cabo Frio, e, mais à frente, chega-se ao Convento Nossa Se­nhora dos Anjos.

O convento foi inaugurado já no fim do éculo XVII, em 1696. Construído em pedra e cal, assim como o Forte, abrigou o primeiro colégio de Cabo Frio.

Avançando pela Av. Júlia Ku­bitschek, dali, o turista se depara com a Fonte do Itajuru, um pe­queno parque cercado de onde começou a história da água na cidade – era dali que saía a cana­lização que abastecia o povoado cabofriense. Hoje é um bom lu­gar para descansar ou ler um li­vro à sombra, com tranquilidade.

Quem quiser dar uma esticada para terminar o passeio em alto estilo pode dar uma esticada – bem curtinha – até a estátua do Anjo Caído, no Canal do Itajuru.

História – Nos últimos me­ses, alunos do curso de História da Estácio de Sá levaram turistas e cabofrienses para uma visita guiada, de roteiro bem semelhan­te. A iniciativa ‘Rolê por Cabo Frio’ fez parte da comemoração dos 400 anos da cidade.