O que poderia projetar a cidade e trazer benefícios até mesmo de médio prazo é apontado por algumas entidades do trade turístico de Cabo Frio como “divisão de lucro” ou “aumento na concorrência”. Tanto é que, cedendo à pressão da Associação de Hotéis (neste episódio também representada pela Comissão de Gastronomia), a secretaria de Turismo cancelou a ‘‘La Feira Planetária Rio +3’’, conforme antecipou ontem a coluna de Rodrigo Cabral. O evento traria à cidade um encontro de Food Truck – a famosa ‘comida no caminhão’.
A Feira, que aconteceria em 31 de outubro e 1 e 2 de novembro, faz parte de ação da secretaria estadual de Turismo para incentivar o setor em cidades do interior que ficam até três horas de distância da capital.
O Sinditáxi, no entanto, criticou o cancelamento
– É ruim essa decisão porque o evento atrairia mais gente e teríamos mais movimento. É ganho para hospedagem, para restaurantes, lojas, taxistas. Para mim foi uma falha a secretaria ter cancelado – opinou Josemario dos Santos Moreira, presidente do Sindicato dos Taxistas de Cabo Frio.
No entanto, Mariel Dantas, coordenador da Comissão de Gastronomia da Associação de Hotéis, acredita que o evento diminuiria o lucro dos estabelecimentos locais.
– Restaurantes e bares vão ficar com baixo movimento. A ideia é boa, mas o momento é ruim tanto pela crise quanto pelo período escolhido. Temos que aproveitar o feriado para triplicar o faturamento, e não dividir – avaliou.
A Acia, por sua vez, apesar de não ter incentivado a decisão do cancelamento, apoia a medida. O presidente da instituição, Eduardo Rosa, concorda que o evento esvaziaria os restaurantes da cidade.
– Num momento de crise, como o que estamos vivendo, com queda no movimento em todos os segmentos do comércio, gerar um aumento na concorrência para as empresas do segmento de gastronomia da cidade não é a solução. O momento é de investir em empresas locais – ponderou.
Apesar de ter cancelado o evento, o secretário de Turismo, Dirlei Pereira, afirmou que é a favor da “Feira”, mas que não toma decisões sozinho.
– Eu queria realizá-lo. Mas tive que me curvar ao pedido deles porque, desde o início, a minha gestão tem sido compartilhada, ouvindo as entidades com decisões conjuntas. Apesar de achar uma perda, não posso praticar diferente do que eu falo e fazer valer minha posição. Seria incoerente – lamentou o secretário.