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Médicos

Substância que trataria cânceres divide opiniões de especialistas

Médicos afirmam que faltam estudos conclusivos para medicamento ser utilizado

20 outubro 2015 - 09h46Por Nicia Carvalho

Vem causando polêmica no país o uso da fosfoetanolami­na como suposta via de cura para todos os tipos de cânceres. O debate iniciou depois que o professor de química Gilberto Chierice, aposentado pela Uni­versidade de São Paulo (USP), anunciou que a substância cura­ria a doença. Desde então, as opiniões têm se dividido sobre o tema. De um lado, a comunida­de médica e órgãos reguladores que questionam, principalmente, o fato de o composto não ter sido testado em seres humanos. De outro, pacientes que veem no método a saída para uma doença que há décadas atinge milhares de pessoas.

– O conceito da palavra cân­cer é muito amplo. Não é apenas uma doença, são mais de uma centena de patologias com com­portamento biológico diferente.As drogas que servem para tratar um tumor de mama não servem para tratar um tumor de pulmão e assim por diante. Não existe em nenhuma especialidade mé­dica uma droga que trate todas as doenças daquele tipo. Antes de uma droga chegar ao merca­do são necessários testes em várias

 etapas que podem levar de cinco a dez anos. Utilizar uma droga que sequer passou por testes em seres humanos é uma temeridade. As pessoas que a utilizam correm riscos de efeitos tóxicos ainda desconhecidos ou simplesmente a ação nula da re­ferida droga nas patologias que as afligem – avaliou o oncologis­ta Luis Eduardo Prata, que aten­de na Onkosol, em Cabo Frio.

No entanto, apesar dos alertas da comunidade médica, a cada dia surgem novas questões en­volvendo a droga. O assunto foi parar no Superior Tribunal Fede­ral (STF), que derrubou liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo e ordenou que o campus de São Carlos da USP forneces­se cápsulas da fosfoetanolami­na. Por falta de estudos conclu­sivos, a universidade também rebate que a droga seja eficiente, mas em comunicado oficial, não descartou a possibilidade de que estudos clínicos suplementares possam ser desenvolvidos pela instituição.