Vem causando polêmica no país o uso da fosfoetanolamina como suposta via de cura para todos os tipos de cânceres. O debate iniciou depois que o professor de química Gilberto Chierice, aposentado pela Universidade de São Paulo (USP), anunciou que a substância curaria a doença. Desde então, as opiniões têm se dividido sobre o tema. De um lado, a comunidade médica e órgãos reguladores que questionam, principalmente, o fato de o composto não ter sido testado em seres humanos. De outro, pacientes que veem no método a saída para uma doença que há décadas atinge milhares de pessoas.
– O conceito da palavra câncer é muito amplo. Não é apenas uma doença, são mais de uma centena de patologias com comportamento biológico diferente.As drogas que servem para tratar um tumor de mama não servem para tratar um tumor de pulmão e assim por diante. Não existe em nenhuma especialidade médica uma droga que trate todas as doenças daquele tipo. Antes de uma droga chegar ao mercado são necessários testes em várias
etapas que podem levar de cinco a dez anos. Utilizar uma droga que sequer passou por testes em seres humanos é uma temeridade. As pessoas que a utilizam correm riscos de efeitos tóxicos ainda desconhecidos ou simplesmente a ação nula da referida droga nas patologias que as afligem – avaliou o oncologista Luis Eduardo Prata, que atende na Onkosol, em Cabo Frio.
No entanto, apesar dos alertas da comunidade médica, a cada dia surgem novas questões envolvendo a droga. O assunto foi parar no Superior Tribunal Federal (STF), que derrubou liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo e ordenou que o campus de São Carlos da USP fornecesse cápsulas da fosfoetanolamina. Por falta de estudos conclusivos, a universidade também rebate que a droga seja eficiente, mas em comunicado oficial, não descartou a possibilidade de que estudos clínicos suplementares possam ser desenvolvidos pela instituição.