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Bonifácio

"Sou mesmo o Burro da Ilha", diz Zé Bonifácio

Pré-candidato pedetista em Arraial brinca com antigo apelido, rebate acusação de oportunismo eleitoral e comenta situação de Cabo Frio, onde governou duas vezes

01 novembro 2015 - 08h21Por Rodrigo Branco
 "Sou mesmo o Burro da Ilha", diz Zé Bonifácio

Com a experiência de quem já governou Cabo Frio duas vezes (1979 a 1982 e entre 1993 e 1996) e já ocupou inúmeros cargos, José Bonifácio Novellino parece conhecer os atalhos da vida pública. Zé, como é conhecido, fala com tranquilidade da pré-candidatura, diz que seu programa de governo está em construção e comenta que até mesmo o antigo apelido ‘Burro da Ilha’, usado por adversários para criticá-lo por supostamente
se envolver na cidade apenas próximo às eleições, será usado como bem-humorada estratégia de marketing.

– Sou Burro da Ilha mesmo. Reconheço que estive afastado da cidade, mas porque estava trabalhando – afirmou.

Folha dos Lagos – Como está a reação da população com relação à sua pré-candidatura? 

José Bonifácio – Ainda tenho compromisso no Rio duas vezes por semana por ser o vice-presidente estadual do partido. Fico de quinta a segunda em Arraial e nesse tempo tenho buscado ficar na rua. Não pode fazer campanha, mas posso fazer visitas e manter contato. Desde o último sábado comecei a fazer caminhadas pela cidade com membros do partido e o que eu tenho sentido é nenhuma hostilidade.

Folha – E essa história do ‘Burro da Ilha’, usada pelos adversários para criticá-lo? (nota da Redação: o apelido atribuído a Bonifácio vem de
uma lenda cabista sobre um animal que vivia no alto da Ilha do Farol e de lá só descia quando os pescadores locais dividiam o produto do trabalho no mar.)

Bonifácio – Vejo isso de uma forma bem-humorada. Outro dia, na feira, apontaram para mim e falaram: “Olha o Burro da Ilha”. Cheguei e falei: “Sou o Burro da Ilha mesmo, você não quer me conhecer?” Ele ficou surpreso. Mas sobre isso, o que digo é que me afastei da cidade para trabalhar. Fui superintendente do Ministério do Trabalho no estado, cuidei de 40 agências. Depois trabalhei no Procon e, em seguida, trabalhei na Fundação de Pesca. Tenho atividade no meu partido que me confiou essa missões. Do fim do ano passado para cá é que pude me dedicar apenas às atividades
partidárias e me reaproximei.

Folha – Essa pretensa polarização entre Tê e Renatinho Vianna pode ajudá-lo?

Bonifácio – Na rua, percebo que o povo está cansado da atual administração e descrente do político de uma forma geral. A minha história ajuda a mostrar que existe a possibilidade de administrar a cidade e gerir o bem público com cuidado, mas continuar vivendo uma vida que sempre tive fora da
vida pública, em meio à população. Hoje se o político não tiver algo diferente, dizem que é igual aos outros.

Folha – Isso lhe dá vantagem?

Bonifácio – O povo não quer o que está lá. Se a opção é pela mudança e enxergarem essa mudança em mim, acho que sim.

Folha – E o programa de governo?

Bonifácio – Meu trabalho agora é ouvir. Não tenho um programa pronto. Estou me reunindo com pessoas de diversos setores. Agora é a vez da Educação. Vamos conversar com um efetivo de cada escola pra fazer uma radiografia. Faremos de 15 em 15 dias. 

Folha – Você tem andado pela cidade de ônibus e bicicleta...

Bonifácio – Sempre tive pé no chão e agi da mesma forma. No mandato ou fora dele, sou cidadão comum. Ando dessa forma para ter contato com o povo e ouvi-lo. Não é marketing. É uma forma de não deixar ‘subir à cabeça’.

Folha – Olhando para Cabo Frio, onde governou, a cidade não se preparou para a crise?

Bonifácio – Como o dinheiro entrou fácil, saiu fácil. Sem os royalties, eu separava 20% dos recursos para infraestrutura e isso não foi feito com os royalties. Esbanjaram com festas e jogaram o dinheiro pelo ralo. Administrar com muito dinheiro é mole. Com menos royalties, a crise chegou.