O sociólogo Márcio Paixão, de 30 anos, prestou queixa ontem na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio, contra um homem que fez comentário considerado homofóbico em postagem na página da Prefeitura de Cabo Frio sobre a Parada LGBT, realizada na Praia do Forte, no último domingo.
O comentário, depois apagado em função da repercussão negativa, dizia que “a caça estava liberada para os ‘snipers’ (atiradores de elite da polícia)” durante o evento promovido pelo Grupo Iguais, de Cabo Frio, com apoio da Superintendência Municipal LGBT. Márcio adiantou ainda que vai entrar, em breve, com um processo contra o autor do comentário, baseado na recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de criminalizar a homofobia, colocando a prática no mesmo patamar do racismo.
– Quero tornar essa ação pública como um instrumento político, para que a sociedade revisite seus preconceitos tendo consciência de que suas ações podem sim sofrer penalizações jurídicas – disse o cabofriense Márcio, que faz mestrado em Sociologia e Antropologia na UFRJ e, portanto, mora no Rio.
O sociólogo admite que a sua atitude isoladamente não vai resolver o problema da homofobia, mas disse que não poderia abrir mão de tomar alguma atitude.
– É óbvio que tenho consciência que esse é um problema estrutural que precisa de uma série de outras ações institucionais para sanar esse problema; como uma educação que inclua as questões de identidade de gênero nas salas de aula, por exemplo. Mas não posso abrir mão dos instrumentos jurídicos para resguardar a mim e a todo grupo LGBTQI+. Eles existem e são fruto de muita luta e resistência. Por isso fui à delegacia de crimes raciais e intolerância – disse.
Pelo Facebook, o presidente do Grupo Iguais, Rodolpho Campbell, repudiou o episódio e disse que vai hoje de manhã na delegacia de Cabo Frio (126ª DP), para registrar um boletim de ocorrência em relação aos comentários ofensivos feitos sobre a Parada LGBT.
– Esse comentário foi muito pesado. Ridículo. Isso não pode ficar impune de maneira nenhuma – disse o presidente do Grupo Iguais de Cabo Frio.