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Crise

Sem remédio para a crise

 Saúde tem avanços, mas falta de medicamentos ainda é fantasma

20 julho 2015 - 10h14
Sem remédio para a crise

Nos últimos 90 dias, perío­do que o prefeito Alair Corrêa (PP) estipulou para o fim da crise econômica no município e que termina hoje, ficou clara sua preocupação com a área da Saúde, considerada o calcanhar de Aquiles da sua gestão.

Da sua autonomeação como secretário, em 12 de maio – na verdade, Carlos Ernesto Dor­nellas ainda responde adminis­trativamente pela pasta – pas­sando pela criação de comissão para investigação de irregulari­dades, até o momento, se hou­ve avanços como a melhoria no atendimento, velhos problemas persistem e fazem padecer os pacientes que não tem outra op­ção a não ser procurar o sistema público de Saúde.

A Folha esteve ontem em três das principais unidades da rede municipal: Hospital do Jardim Esperança; Hospital da Mulher, no Braga e na UPA do Parque Burle e, entre elogios e críti­cas, pôde constatar que ainda há muito a ser feito.

– O atendimento está tran­quilo, mas não tem medicação. Tive que voltar duas vezes ao consultório pra que o médico passasse outro remédio no lugar do que não tinha. No fim, aca­baram usando Buscopan na veia mesmo – relatou a dona de casa Lucelena Monteiro, 41, que saiu do Jacaré para buscar solução para uma infecção intestinal no Hospital do Jardim.

Em outra ala, a atenção do pediatra era elogiada por Ana Cláudia Mariano, vizinha de Lucelena, que se queixava de uma garganta inflamada. Há um mês, a gripe do filho de um ano foi curada após visita ao local.
– Na UPA, o médico nem olhou. Mandou colocar o menino no soro. Disse que não podia dar remédio. Aqui o médico entrou com medicação e ele ficou bom – conta.
Na unidade do Parque Burle, municipalizada e mais vazia que o normal, as queixas não se referem apenas à falta de cuidado de alguns profissionais, mas também à demora no atendimento e ao baixo estoque de remédios. Roberto Carlos do Nascimento aguardava há uma hora ser chamado ao consultório, o que aconteceu enquanto falava com a reportagem.
– Já estou esperando há um bom tempo. Costumo ir ao particular, que também demora, diga-se de passagem – comentou.
Duas fileiras atrás, a vendedora Joana de Souza, 31, disse que esperava há apenas dez minutos, atendimento para filha de 13 anos, com dor abdominal, mas o fato de estar em pé e de braços cruzados denotava impaciência.
– Quase nunca tem (remédio). Tem pouca criança agora, não sei porque não encaminhram logo a minha filha ao consultório – disse, preocupada.
Mais tranquila estava Regina Celi da Silva, no Hospital da Mulher, para onde a filha Fernanda foi levada após um sangramento, no oitavo mês de gravidez.

– Graças a Deus, agora está tudo bem. Não tenho do que falar mal – elogia.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que, na última semana, parte do estoque de medicamentos foi reabastecida e nos próximos dias, outros lotes serão entregues, para normalização do fornecimento.
Em relação ao atendimento na UPA, a Secretaria esclarece que conta com um sistema baseado em uma classificação de riscos com quatro níveis de prioridade (vermelho – emergência; amarelo, urgência; verde – prioridade não urgente; azul – consulta de baixa complexidade, atendimento de acordo com horário de chegada), privilegiando sempre os casos considerados mais graves.