A sede da secretaria municipal de Educação de Cabo Frio, que fica na Rua Florismundo Batista Machado, no Centro, amanheceu fechada nesta quinta-feira (30). A pasta não se pronunciou oficialmente, mas informações dão conta de que a medida foi tomada por causa do tumulto envolvendo servidores da Educação em greve e funcionários da secretaria, ocorrido na manhã desta quarta (29). Ainda não há informação se a secretaria será aberta após o horário de almoço. Apesar do incidente, um novo ato do Sindicato dos Profissionais da Educação está marcado para o mesmo local, na manhã desta quinta (30).
Após confusão, acusações de parte a parte
A confusão na secretaria de Educação aconteceu durante um protesto contra os atrasos no salário na manhã desta quarta-feira (29). Pelo menos dois funcionários públicos afirmam que foram agredidos por integrantes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe). Eles foram à 126ª DP (Cabo Frio), onde registraram ocorrência. Através de assessoria de imprensa, o Sepe nega as acusações. O sindicato alegou, ainda, que uma manifestante, identificada como Débora D’Oliveira Naval, teve de ser levada ao Hospital Central de Emergência (HCE) após ser agredida por governistas.
A Prefeitura lamentou o ocorrido através de nota de repúdio publicada no Facebook.
No início da tarde, o clima era de tensão na delegacia. O servidor da Educação, Jeferson de Fátima, 23, mostrou cada arranhão que recebeu no braço.
– Estava saindo no portão da secretaria. Daí, as professoras avançaram sobre mim e me arranharam todo. Também não tenho pagamento, mas isso não é motivo para agredir ninguém – afirmou o funcionário, com o semblante fechado.
Um dos mais irritados na delegacia era Ayron Dias, 39, que trabalha na Secretaria de Comunicação. O servidor afirmou que quase foi espancado pela multidão de manifestantes.
– Estava fazendo fotografias de longe para registrar o protesto. Quando cheguei mais perto, um professor fez “cama de gato”. Nessa ocasião, a multidão juntou em mim e esse mesmo professor me deu um soco no ombro. Quebraram meu equipamento. Ainda não sei o valor do prejuízo. Dois guardas municipais precisaram me tirar dali do meio para que não fosse linchado. Policiais militares estavam presente e não fizeram absolutamente nada.
A servidora Keyla Marques, 25, também estava assustada.
– Uma servidora saiu da secretaria debaixo de xingamentos, cuspes e até puxões de cabelo. Abri a porta para trazê-la para o carro. Não deixaram. Puxaram a porta, além de tacarem pedras e copos de água no carro. Foi horrível – lamenta.
Sepe diz que estuda ir à Justiça
O Sepe informou que está estudando as providências jurídicas para a penalização dos agressores de Débora D’Oliveira. A servidora, segundo o sindicato, aguardava transferência na tarde de ontem. Débora teria sofrido uma lesão no joelho – a gravidade não foi informada.
Além dos depósitos dos salários, a categoria exige que o prefeito Alair Corrêa (PP) se desculpe pelas declarações em que afirma que os servidores em greve receberão por último. O Sepe também quer a permissão para que uma pessoa escolhida pelo sindicato acompanhe a arrecadação diária do município.
Esta semana, Alair colocou a culpa da falta de dinheiro no sindicato. Segundo ele, o empréstimo à Prefeitura de Cabo Frio não saiu porque o Sepe invadiu a Câmara Municipal.
Prefeitura fala em medidas administrativas
Em nota, a prefeitura afirmou que “funcionários da Secretaria foram impedidos de entrar e sair do prédio e quem desobedeceu acabou sendo agredido fisicamente ou verbalmente”. De acordo com a nota, além do desacato ao servidor público, um equipamento fotográfico da equipe da Coordenadoria de Comunicação Social foi danificado. No texto, a Prefeitura ainda afirma que está tomando medidas administrativas em relação ao caso.