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Saúde

Saúde: pacientes denunciam precariedade no atendimento em Cabo Frio

A cinco dias de encerrar prazo dado pelo prefeito, Saúde ainda vive o caos

13 agosto 2015 - 09h55

NICIA CARVALHO

Da mesma forma que o tique-taque ininterrupto de um relógio ou o escoamento constante de uma ampulheta marca a passa­gem do tempo, vai chegando ao fim o prazo estipulado pelo prefeito Alair Corrêa (PP) para tirar a Saúde de Cabo Frio do caos. O prazo de validade vence hoje, mas o cargo de interventor da pasta – em que o mandatário se autonomeou em 12 de maio – será definitivamente entregue na terça-feira que vem, dia 18.

Acostumado a colecionar polêmicas – habilidade que foi elevada à enésima potência nes­te mandato –, Alair se colocou na linha de fogo para ‘salvar’ a Secretaria de Saúde, mas o ‘mi­lagre’ esperado está muito longe de acontecer. As péssimas con­dições dos hospitais municipais são o principal problema. Um exemplo é o caso de Gilmar José Corrêa, 58 anos, que depois de ficar 21 dias internado no Hos­pital São José Operário à espera de transferência para fazer he­modiálise foi enterrado ontem no Cemitério Santa Izabel, víti­ma de complicações renais.

Sem material adequado na UPA, paciente é imobilizado com papelão

 

– O São José Operário está sem UTI adequada. Estão improvisando onde deveria ser uma enfermaria porque a UPG (Uni­dade de Pacientes Graves) ainda está em obra e a situação é pre­cária. Não transferiram meu pai por falta de vaga e porque ale­garam que ele estava em coma, mas outra senhora está lúcida e aguarda há 15 dias pela hemo­diálise. Um absurdo – disparou Fabiane Ribeiro Corrêa, 23, uma das filhas de Gilmar.

 

Sem material

Mas esta não é a única família que enfrenta dificuldades. Everaldo Paixão, 82, está internado no São José Operário há dez dias, por conta de crise convulsiva que o deixou impossibilitado de andar, e sofre com escaras (feridas) pelo corpo. A filha Helenice Alves denun­ciou que o hospital não tem po­mada colagenase, específica para este tipo de ferida, assim como materiais básicos como gaze, es­paradrapo, fita de glicose, entre outros. A Secretaria de Saúde de Arraial do Cabo doou a pomada ao tomar conhecimento do caso em um programa de rádio local.

– É uma pouca vergonha isso. Queria perguntar ao Alair o que ele é, prefeito ou secretário, por­que a cidade e a saúde estão pés­simas. E depois perguntar o que ele está fazendo com o dinheiro. Dá cesta básica, dá cartão digni­dade, mas só o nome, porque dig­nidade não há, passa bem longe de Cabo Frio – alfinetou.

 

Imobilização pífia

Ontem, um leitor enviou via WhatsApp a foto de um paciente que esta­va na UPA do Parque Burle, na noite de terça-feira, imobilizado com caixas de papelão por falta de materiais. O leitor, que não quis se identificar, informou ain­da que também não havia ambu­lância para fazer a transferência para o Hospital Santa Izabel.

 

*Leia a matéria completa na edição impressa desta quinta (13)