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Saúde de Arraial denuncia Cabo Frio ao MP

Hospital Geral está sobrecarregado por falta de atendimento na rede pública cabofriense

01 dezembro 2016 - 00h29Por Texto: Rodrigo Branco| Foto: Fernanda Carriço
Saúde de Arraial denuncia Cabo Frio ao MP

Secretário de Saúde cabista Gilberto Freitas da Costa exibe denúncia protocolada

 Diante da superlotação no Hospital Geral de Arraial do Cabo nos últimos meses, a dire­tora da unidade, Cenir Amorim, e o secretário municipal de Saú­de, Gilberto Freitas da Costa, denunciaram ontem a adminis­tração municipal cabofriense ao Ministério Público por omissão de socorro. A alegação é que o colapso na rede pública cabo­friense deixou o funcionamento do HGAC no limite, sobretudo, no atendimento às gestantes.

O quadro é crítico, segundo a profissional. Cirurgias eletivas (com hora marcada) foram sus­pensas há 15 dias e, desde então, a prioridade do centro cirúrgico são os partos. Com o aumen­to excessivo na procura, alguns setores do hospital, como o cen­tro de hidratação da dengue e a enfermaria de clínica tiveram a finalidade original modificada para atender as grávidas. Pelo mesmo motivo, materiais e in­sumos básicos começam a faltar nas prateleiras. Revoltado com a sobrecarga de trabalho, um obs­tetra pediu demissão recente­mente. Com tudo isso, a diretora teme pelo pior.

– O motivo (de recorrer ao MP) é que as gestantes estão sem atendimento. O Hospital da Mulher está fechado. O Hospital do Jardim Esperança também. E o prefeito ainda diz que vai re­abrir a UPA. Estou emocionada porque vai ter uma hora que não vai dar para salvar uma moça como fizemos hoje – disse Cenir Amorim.

Em matéria publicada na edição do último dia 10, a Fo­lha informou que a falta de nas unidades de Cabo Frio triplicou o número de atendimento no hospital cabista. Entre setembro e outubro, o número saltou de 150 para 450 por dia. Boa parte dessa demanda é composta por gestantes, mas mulheres com complicações também acabam sendo atendidas. Na madrugada de ontem, por exemplo, foi fei­ta uma histerectomia (operação de retirada do útero). A situação tem angustiado a diretora do HGAC, que fez um desabafo.

– Vamos implodir, é difícil. E se alguém morrer, a responsabi­lidade será de Arraial do Cabo. Ninguém vai querer saber se não conseguiu atendimento em outro lugar – comentou.

Os contatos com as autori­dades cabofrienses de Saúde não têm resultado em qualquer efeito prático. De acordo com Cenir Amorim, todos os apelos por uma solução foram ignora­dos até o momento.

Em nota enviada para a Redação, a secretaria de Saúde de Cabo Frio disse que 'o momento é de união' e que o município cabofriense custeia o atendimento de pacientes em especialidades que não estão disponíveis em Arraial. Confira a íntergra do texto a seguir.

"Para a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio o momento não é de denúncias ou desentendimentos.  Os municípios deveriam se unir em prol de um melhor atendimento à população.  Arraial do Cabo não pode afirmar que está atendendo toda a população de Cabo Frio porque não procede essa informação. 

Estamos enfrentando problemas, alguns dias da semana, no Hospital da Mulher porque médicos concursados, que não podem ser demitidos, acabam faltando o plantão em função da greve no município. O CRM não permite que o Hospital abra para a população com menos de dois médicos na unidade de saúde, e os profissionais que se encontram trabalhando, precisam prestar atendimento aos pacientes já internados.

É bom lembrar que na semana passada uma paciente de Arraial do Cabo grávida, com o feto com má formação, veio buscar atendimento em Cabo Frio e foi muito bem atendida. Segundo ela, o próprio médico de Arraial do Cabo, mandou a paciente buscar atendimento no Hospital da Mulher por ter UI Neonatal, o que Arraial não possui.

Os pacientes de Arraial do Cabo também fazem exames como tomografia e ressonância magnética em Cabo Frio porque Arraial não dispõe de equipamentos para esses exames, e nem por isso, os pacientes deixam de ser atendidos.

Cabo Frio também paga mensalmente ao Onkosol 600 mil reais referente ao atendimento de pacientes de São Pedro da Aldeia, Búzios e Arraial do Cabo, por entender que o SUS é para todos.

Estamos fazendo um levantamento com o número de atendimentos prestados à pacientes de Arraial do Cabo, Búzios e São Pedro da Aldeia desde 2013 que são custeados por Cabo Frio, já que os municípios vizinhos não contam com todas as especialidades médicas que Cabo Frio possui.

O município de Cabo Frio entende que o momento é de união.  A própria diretora do Hospital de Arraial do Cabo, dra Cenir, já foi diretora do HCE em Cabo Frio, e na época, reclamava do volume de pacientes de Arraial do Cabo que vinham buscar atendimento aqui. Então não achamos justo, que por um dia atípico, o município vizinho não dê a mão visando exclusivamente o atendimento à população".

(*) Matéria atualizada em 01/12 às 09:54h.

Nota da Redação – A resposta da Prefeitura de Cabo Frio, que não consta na edição impressa que está nas bancas, foi inserida posteriormente na versão online da matéria, uma vez que chegou às 19:35h desta quarta (30), portanto, após o horário de fechamento.