Secretário de Saúde cabista Gilberto Freitas da Costa exibe denúncia protocolada
Diante da superlotação no Hospital Geral de Arraial do Cabo nos últimos meses, a diretora da unidade, Cenir Amorim, e o secretário municipal de Saúde, Gilberto Freitas da Costa, denunciaram ontem a administração municipal cabofriense ao Ministério Público por omissão de socorro. A alegação é que o colapso na rede pública cabofriense deixou o funcionamento do HGAC no limite, sobretudo, no atendimento às gestantes.
O quadro é crítico, segundo a profissional. Cirurgias eletivas (com hora marcada) foram suspensas há 15 dias e, desde então, a prioridade do centro cirúrgico são os partos. Com o aumento excessivo na procura, alguns setores do hospital, como o centro de hidratação da dengue e a enfermaria de clínica tiveram a finalidade original modificada para atender as grávidas. Pelo mesmo motivo, materiais e insumos básicos começam a faltar nas prateleiras. Revoltado com a sobrecarga de trabalho, um obstetra pediu demissão recentemente. Com tudo isso, a diretora teme pelo pior.
– O motivo (de recorrer ao MP) é que as gestantes estão sem atendimento. O Hospital da Mulher está fechado. O Hospital do Jardim Esperança também. E o prefeito ainda diz que vai reabrir a UPA. Estou emocionada porque vai ter uma hora que não vai dar para salvar uma moça como fizemos hoje – disse Cenir Amorim.
Em matéria publicada na edição do último dia 10, a Folha informou que a falta de nas unidades de Cabo Frio triplicou o número de atendimento no hospital cabista. Entre setembro e outubro, o número saltou de 150 para 450 por dia. Boa parte dessa demanda é composta por gestantes, mas mulheres com complicações também acabam sendo atendidas. Na madrugada de ontem, por exemplo, foi feita uma histerectomia (operação de retirada do útero). A situação tem angustiado a diretora do HGAC, que fez um desabafo.
– Vamos implodir, é difícil. E se alguém morrer, a responsabilidade será de Arraial do Cabo. Ninguém vai querer saber se não conseguiu atendimento em outro lugar – comentou.
Os contatos com as autoridades cabofrienses de Saúde não têm resultado em qualquer efeito prático. De acordo com Cenir Amorim, todos os apelos por uma solução foram ignorados até o momento.
Em nota enviada para a Redação, a secretaria de Saúde de Cabo Frio disse que 'o momento é de união' e que o município cabofriense custeia o atendimento de pacientes em especialidades que não estão disponíveis em Arraial. Confira a íntergra do texto a seguir.
"Para a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio o momento não é de denúncias ou desentendimentos. Os municípios deveriam se unir em prol de um melhor atendimento à população. Arraial do Cabo não pode afirmar que está atendendo toda a população de Cabo Frio porque não procede essa informação.
Estamos enfrentando problemas, alguns dias da semana, no Hospital da Mulher porque médicos concursados, que não podem ser demitidos, acabam faltando o plantão em função da greve no município. O CRM não permite que o Hospital abra para a população com menos de dois médicos na unidade de saúde, e os profissionais que se encontram trabalhando, precisam prestar atendimento aos pacientes já internados.
É bom lembrar que na semana passada uma paciente de Arraial do Cabo grávida, com o feto com má formação, veio buscar atendimento em Cabo Frio e foi muito bem atendida. Segundo ela, o próprio médico de Arraial do Cabo, mandou a paciente buscar atendimento no Hospital da Mulher por ter UI Neonatal, o que Arraial não possui.
Os pacientes de Arraial do Cabo também fazem exames como tomografia e ressonância magnética em Cabo Frio porque Arraial não dispõe de equipamentos para esses exames, e nem por isso, os pacientes deixam de ser atendidos.
Cabo Frio também paga mensalmente ao Onkosol 600 mil reais referente ao atendimento de pacientes de São Pedro da Aldeia, Búzios e Arraial do Cabo, por entender que o SUS é para todos.
Estamos fazendo um levantamento com o número de atendimentos prestados à pacientes de Arraial do Cabo, Búzios e São Pedro da Aldeia desde 2013 que são custeados por Cabo Frio, já que os municípios vizinhos não contam com todas as especialidades médicas que Cabo Frio possui.
O município de Cabo Frio entende que o momento é de união. A própria diretora do Hospital de Arraial do Cabo, dra Cenir, já foi diretora do HCE em Cabo Frio, e na época, reclamava do volume de pacientes de Arraial do Cabo que vinham buscar atendimento aqui. Então não achamos justo, que por um dia atípico, o município vizinho não dê a mão visando exclusivamente o atendimento à população".
(*) Matéria atualizada em 01/12 às 09:54h.
Nota da Redação – A resposta da Prefeitura de Cabo Frio, que não consta na edição impressa que está nas bancas, foi inserida posteriormente na versão online da matéria, uma vez que chegou às 19:35h desta quarta (30), portanto, após o horário de fechamento.