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Reforma do IML de Cabo Frio não tem prazo para acabar

Sem obras de melhoria prometidas por causa da crise no estado, unidade funciona parcialmente

20 setembro 2017 - 09h33Por Texto e foto: Rodrigo Branco
Reforma do IML de Cabo Frio não tem prazo para acabar

Não bastasse a dor da despedida, sepultar um parente ou amigo em Cabo Frio, hoje em dia, tem um sofrimento extra, provocado pela incompetência do poder público. Por causa da crise financeira do estado, as obras de reforma do Instituto Médico Legal (IML), que fica ao lado do Cemitério Santa Izabel, no Portinho, foram paralisadas há um ano e quatro meses. Por isso, desde então, os corpos de vítimas de mortes violentas; acidentes ou quedas estão sendo levados para Araruama, a cerca de uma hora de Cabo Frio.

Segundo relatos de funcionários, os trabalhos chegaram a ser iniciados, mas resumiram-se à pintura, à troca do piso e à outras pequenas intervenções. A aparelhagem prometida para exames e demais procedimentos técnicos jamais chegou. O trabalho é feito em instalações acanhadas. Um banheiro está interditado, sem condições de uso. No local, são recebidos apenas os cadáveres cujo atestado não dependam de necropsia, como os de vítimas de mortes de causas naturais. Nesse caso, o trabalho é feito pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que é mantido pela prefeitura. 

O espaço é dividido com o IML propriamente dito, ligado ao Governo do Estado, que restringe-se atualmente aos exames de corpo de delito e de integridade física. Ao todo, são quatro peritos e dois funcionários. Os relatos são de precariedade de estrutura. Até materiais de escritório são cedidos pela ‘parte municipal’ da unidade para que os colegas do estado possam cumprir as tarefas.

Com tantas limitações, sofre quem precisa do serviço, caso da vendedora Fernanda Santos, de 20 anos. Ela perdeu o cunhado, assassinado, há cerca de mês. A via-crúcis da família durou mais de 48 horas. Moradores do Jacaré, eles tiveram que deslocar-se mais de 40 quilômetros para resolver tudo. 
– É uma falta de respeito com a família do morto. Foi horrível. Ele morreu num sábado e teve que ser sepultado na segunda. O papel de liberação do IML deu problema e, por causa da distância, não deu tempo de ir ao cartório. Isso prolongou o sofrimento da família – disse.

Obra seria financiada pelo Banco do Brasil

Com as obras interrompidas, Araruama passou a ficar como a única responsável pela liberação de corpos de vítimas de óbitos traumáticos. Para se ter uma ideia, apenas até julho deste ano, foram registradas em toda a região 273 mortes violentas, incluindo homicídios e latrocínios (roubos seguidos de morte). Isso fora o que acontece nas estradas e em outras situações.

Além de sobrecarregar a unidade araruamense, o fato incide diretamente no mercado funerário. Segundo estimativas, com a remoção de uma cidade para outra, o custo do serviço pode aumentar em até 40%. Por outro lado, o empresário Virgílio Panissolo Pereira, o Dinho da Funerária, afirma que as firmas cabofrienses também estão sendo prejudicadas.

– Estamos perdendo mercado. Como o corpo tem que ir até Araruama, os parentes acabam contratando por lá mesmo. +Cobram até R$ 3 mil – afirma Dinho.

As obras estavam orçadas em R$ 370.370,23 e seriam financiadas pelo Banco do Brasil. De acordo com a Secretaria Estadual de Obras, o trabalho foi paralisado por força da resolução Nº 1.461 de 3 de maio de 2016 que, suspendeu o financiamento. 

O motivo é a crise financeira do estado e o arresto judicial nas contas do governo estadual. Há a promessa de que tudo seja retomado assim que a situação melhorar. A reportagem fez questionamentos ao Banco do Brasil, a respeito da liberação dos recursos, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.