O prefeito Alair Corrêa (PP) ainda não anunciou oficialmente a decisão de reabrir a Unidade de Pronto Atendimento do Parque Burle no começo de dezembro, conforme vem sendo ventilado, mas dinheiro não faltará para fazê-lo. Se não recebeu um centavo sequer do Governo do Estado este ano, a Prefeitura jamais deixou de obter os repasses da União, mesmo com a unidade fechada desde dezembro. Somente em 2016, o valor acumulado é de R$ 6,43 milhões.
O dinheiro vem do Fundo Nacional de Saúde e é repassado diretamente para o Fundo Municipal com a rubrica “Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar”. Entre janeiro e novembro, foram feitas transferências de nove parcelas de R$ 675 mil; uma de R$ 182 mil e outra de R$ 175 mil.
Crítico da reabertura da unidade por causa da falta de condições materiais na rede e da greve do funcionalismo, o presidente do Sindicato dos Profissionais da Saúde de Cabo Frio, Gelcimar Almeida, acredita que a reabertura da UPA acontecerá apenas para que a Prefeitura coloque a mão no dinheiro.
– Tudo leva a crer que sim, uma vez que para ter acesso ao dinheiro, a UPA precisa estar funcionando. Mas não entendo como estavam recebendo recursos e mantendo a UPA fechada – afirma Almeida.
Segundo fontes ligadas à Prefeitura, a ideia é recolocar a unidade em funcionamento a partir do começo de dezembro. Com isso, o Hospital Central de Emergência passaria a abrir apenas como apoio à UPA. Por outro lado, deverão ser fechadas as emergências dos hospitais da Criança, no Guarani, e do Jardim Esperança. Para o sindicalista, a decisão é um erro.
– A meu ver, é um complicador (o fechamento) porque o Hospital do Jardim é única unidade na periferia. Vai trazer muita situação complicada de morte. O paciente que chega infartando, por exemplo, primeiro é estabilizado e depois internado. Esse percurso para quem vem do Tangará ou da Reserva do Peró representa 15 minutos a mais – disse.
De acordo com a assessoria da Prefeitura, a reabertura da UPA ainda não é oficial e, por isso, um comunicado será emitido apenas quando o prefeito confirmar a decisão. Desta forma, não foi informado qual a estrutura física e o quadro de pessoal que atuaria no local.
Antes do fechamento, o desmonte – O processo de deterioração dos serviços da UPA do Parque Burle, assim como o de outros hospitais do município, vem de longa data, muitos antes do seu fechamento em dezembro do ano passado.
Em matéria veiculada na edição de 12 de dezembro de 2015, a reportagem verificou que as queixas sobre a deficiência no atendimento já eram recorrentes. Na ocasião, assim como vem ocorrendo recentemente no HCE e no Hospital da Mulher, as portas estavam fechadas e apenas os casos mais graves estavam sendo atendidos. Móveis e equipamentos, à época, também já estavam sendo retirados.
Imagem mostra os valores dos repasses feitos pelo Fundo Nacional de Saúde (Reprodução)