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Entrevista

Rafael Peçanha: ‘Sei onde o calo aperta, também sou servidor’

Professor disse que está preparado para cobrança de colegas da Educação por sua futura atuação na Câmara

21 outubro 2016 - 01h33
Rafael Peçanha: ‘Sei onde o calo aperta, também sou servidor’

A partir do ano que vem, o professor de História e sindica­lista Rafael Peçanha vai sair da condição de estilingue para a incômoda posição de vidraça. Mas, alçado pela primeira vez a umas das 17 cadeiras da Câmara Municipal pelos 1.794 votos re­cebidos para vereador, o pedetis­ta afirma que não está preocupa­do com a cobrança dos colegas da Educação e garante que con­tinuará a ser um fiscal das ações do governo municipal.

– Ele (Alair) teve contribuição histórica para a cidade, mas ago­ra é página virada – diz.

Folha dos Lagos – Você es­perava uma votação tão ex­pressiva logo na primeira vez?

Rafael Peçanha – A gen­te tinha a consciência de que a população de Cabo Frio clama­va pelo novo e pela mudança, principalmente na Câmara. Nós tentamos corresponder a essa expectativa com uma campanha propositiva, limpa e honesta. Foi fundamentada no voluntariado e na militância. Trabalhamos para ter uma votação expressiva e ti­vemos a votação que a popula­ção de Cabo Frio quis que tivés­semos. Fui o vereador do PDT mais votado em toda a região da Baixada Litorânea. Então, o tra­balho foi reconhecido e agora a gente é que precisa dar uma pro­va de gratidão para a população, honrando esses votos e fazendo um mandato histórico.

Folha – Que tipo de recado a renovação da Câmara passa para os políticos tradicionais?

Peçanha – O recado é que é preciso renovar as lideranças políticas em Cabo Frio. Esse momento velho da política da cidade passou, mas também não é momento de gente nova com práticas velhas. A gente preci­sa estar atento a isso. Os novos vereadores precisam estar uni­dos, precisam estar articulados. A gente está trabalhando em cima disso. Precisamos liderar um movimento de renovação, de unidade desses novos verea­dores. Já estamos fazendo isso para que possamos mostrar com as nossas ações e nossas atitudes essa renovação. Que não seja so­mente uma renovação de nomes, mas uma renovação de ideias e de projetos políticos para o fu­turo da cidade. Algumas lide­ranças antigas se foram. Não terão mais espaço na política de Cabo Frio. E é hora de novas li­deranças surgirem e a gente quer concorrer a essa corrida sempre pensando em melhorar a cidade, nunca no benefício individual.

Folha – Quando você fala em velhas lideranças você se refere ao prefeito Alair Corrêa?

Peçanha – No nosso gru­po político não se fala mais em Alair Corrêa. Alair é uma lide­rança morta na cidade. É uma página que tem que ser virada. Deu a sua contribuição histórica à cidade, tanto boa quanto ruim, mas agora é momento de pensar para frente. Ele não existe mais politicamente assim como Paulo César. Em 2008, ele foi à rádio dizer que estava jogando uma pá de cal no PDT. Hoje a gente que jogou nele. Então, ele está fora do processo político e nós temos que construir novas lideranças para ocupar esse espaço, promo­ver gestões modernas, gestões participativas e populares, que é o que a gente não tem na cidade.

Folha – Como você avalia esse primeiro momento na Câ­mara Municipal, quando as novas forças políticas ainda vão começar a se aglutinar?

Peçanha – Eu não vou ter muita dificuldade na ambienta­ção porque já trabalhei lá como servidor concursado, então sei como funciona. A minha ideia é começar já marcando posição, sendo incisivo nos posiciona­mentos. E eu tenho dito para as pessoas que vou continuar sen­do tão atuante e corajoso quanto sempre fui e é como servidor, como militante, e como sindi­calista. Então a nossa posição é bastante clara: vamos aplaudir o que for bom pra a cidade e criti­car, fiscalizar e denunciar o que for nocivo, como sempre fiz.

Folha – Então quem espera de você ‘oposição por oposi­ção’, não é bem isso...

Peçanha – Vamos fazer na Câ­mara o que a gente já faz: oposi­ção consciente responsável e ma­dura. Mas uma oposição firme e decidida em favor da cidade.

Folha – Você tem comentado a respeito da necessidade de auditoria nas finanças públi­cas. Vai ser uma prioridade?

Peçanha – Essa é coisa mais urgente na cidade: uma auditoria responsável, técnica, para que a gente possa identificar para onde foi o dinheiro, por que ele não está indo para o lugar correto e o que podemos fazer já a partir de 1° de janeiro para que ele vá. Ao lado disso, temos que traba­lhar para melhorar a arrecadação própria do município em relação aos impostos, em relação a, tal­vez, facilitar o pagamento de impostos para poder lucrar mais. Então a gente precisa de um pla­no de ação de recuperação finan­ceira de Cabo Frio. Um plano emergencial, nos primeiros dias de governo e, a partir de então, construir projetos de médio e longo prazo para recuperação financeira. E essa recuperação financeira passa decididamente pela estabilização do salário do servidor. Isso é fundamental. É o servidor que movimenta a eco­nomia e que movimenta o pro­cesso social e político da cidade. Então, pagar o que é devido, pa­gar em dia, restabelecer os direi­tos do servidor é uma bandeira de prioridade para a gente recu­perar financeiramente a cidade.