Ano passado, Aquiles Barreto fez campanha para deputado estadual junto ao ex-prefeito Marquinho Mendes, principal oposicionista ao governo Alair Corrêa (PP). Desde então, o vereador do Solidariedade foi carimbado de vez como líder da oposição da Câmara. Mas ele quer assumir um papel diferente: em vez da “oposição por oposição”, a estratégia, diz, é contribuir com ideias e propostas.
Folha dos Lagos – O assunto da última semana é o protesto da cantora Taz Mureb contra a dívida da Prefeitura em relação ao Proedi. Qual a sua opinião?
Aquiles Barreto – O Proedi foi um programa muito bem feito desde 2011, quando pessoas capacitadas escolheram os melhores projetos, e tem que ser cumprido. A Taz tem o direito de receber desde o início do ano, para gravar seu CD. Já estamos passando por agosto e não temos nada. O prefeito sempre coloca para frente. Na terça vou preparar um discurso para homenagear a Taz na sessão da Câmara.
Folha – Pensando nas eleições do ano que vem: a tendência é o quadro na Câmara melhorar ou piorar?
Aquiles – A Câmara tem, de quatro em quatro anos, uma mudança natural baseada no trabalho de cada vereador. Acho que vai existir mudança sim, só não sei quanto.
Folha – E você, vai disputar a reeleição?
Aquiles – Sim, eu sou candidato a reeleição. Estou junto com mais dois vereadores, Rodolfo de Rui e Carlos Martins. Estamos trabalhando um bloco para disputar essa reeleição, esse é o meu caminho. Quero ser o mais votado da cidade.
Folha – O silêncio da oposição é estratégia?
Aquiles – A cidade vive um problema administrativo e de planejamento. Eu não vejo silêncio da oposição, e sim uma oposição preocupada, porque a cidade passou de uma administração razoável para uma péssima, e isso mexe com a vida das pessoas que dependem da Prefeitura para sobreviver. Deveria ter existido no início do mandato uma preocupação, já que foi aprovado o Plano de Cargos e Salários, a diminuição da comissão da cidade. Não dá para ter o mesmo investimento que tínhamos e ter a questão dos portariados e comissionados na cidade. A conta não fecha, e como a não fecha esse rombo vai ficando mais evidente a cada mês. Isso é um fato. Mas se fizermos uma oposição só por oposição, sem proposta, sem ideias, vamos passar por um rombo. Não vejo silêncio, vejo um trabalho de contribuição, fazendo propostas e chamando a atenção para alguns pontos. Não dá para ter uma cidade em crise e ter um orçamento tão alto. Temos que pensar na cidade nesse momento.
Folha – O Vanderlei Bento disse que os cidadãos acostumaram mal os vereadores...
Aquiles – Quando entrei como vereador, achava que pudéssemos fazer tudo diferente, mas de cem pessoas que atendemos, noventa falam de problemas pessoais. São problemas que temos que tirar o cara da fome amanhã. Lógico que essas pessoas vão procurar os vereadores mais do que procuram médicos e advogados, e isso gerou um vício na cidade. Temos que romper com isso, alertar, falar sobre isso. Confesso que a maioria dos vereadores pensa nessas mudanças, mas vemos que o buraco é mais embaixo. É difícil mudar essa realidade do dia para a noite. Eu e o Vanderlei, que somos novos, temos que pensar na tecla da mudança, que mudar esse assistencialismo.