A estrela quer brilhar mais forte na Região dos Lagos nas eleições do ano que vem. Como parte da estratégia de fortalecimento do Partido dos Trabalhadores no interior do Estado, proposta pelo presidente estadual da sigla, Washington Quaquá, a ideia é ter candidaturas próprias à prefeitura do maior número possível de cidades e com a Baixada Litorânea não é diferente.
Se, em Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, as pré-candidaturas de Reginaldo Mendes e Carlos Alberto Muniz, respetivamente, parecem consumadas; em Cabo Frio, ao que tudo indica, o caminho começa a ser pavimentado em direção à disputa majoritária. O primeiro passo do ‘projeto 2016’ foi dado durante um congresso municipal do PT realizado há algumas semanas, no qual, entre outras resoluções, foi levantada a tese da candidatura própria, que embora ainda precise ser apresentada já contaria com a simpatia da Executiva Estadual.
Neste cenário, mesmo ainda sem a indicação formal, imediatamente despontam os nomes do vereador e presidente do diretórioo municipal Eduardo Kita e da secretária municipal de Assistência Social Carolina Corrêa, com vantagem para o primeiro, parlamentar de quatro mandatos na Câmara e antigo militante do partido.
Embora admita que qualquer decisão em nível municipal precisa ser confirmada pelas Executivas Estadual e Nacional, Kita afirmou que a candidatura própria é uma ‘tendência’ no ano que vem.
– Diferentemente de outros partidos, o PT não é cartorial, onde a pessoa é indicada por cartório e registro. Nós temos eleições internas e toda uma mecânica para que o presidente e a direção conduzam as ações partidárias de políticas locais. O que for decidido aqui em Cabo Frio é o que vai acontecer. O que os filiados e diretores do partido decidirem em termos de conjuntura política com certeza, pela democracia que impera no partido, será consolidado. Não existe aquele negócio de decisão tomada por cima e caciques decidindo por nós. No PT, quem decide é a base – frisou.
Com mandato na Câmara cabofriense pela primeira vez desde 1992, o PT pretende ampliar a sua bancada, hoje resumida à Kita. Sem uma orientação partidária definida quanto ao mandato do prefeito Alair Corrêa (PP), de quem é parente, o vereador, hoje na base aliada do Governo, diz que eventuais composições com as forças políticas dominantes na cidade dependerão do momento e das circunstâncias.
– O partido tem me deixado muito à vontade quanto a isso. Mas eu posso afirmar que o Congresso, que é a instância mais ampla de discussão política, já decidiu pela candidatura própria, nada que não possa ser reformado lá na frente, mas sempre decidido por nós mesmos. Mas, a princípio, é hoje – disse.
Brigas internas no partido atrapalha
O projeto de expansão do PT na região pode ser ambicioso, mas os conflitos de bastidores podem atrapalhar bastante os planos da legenda daqui a 16 meses. Problemas em Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia, principalmente, têm potencial para render horas de diálogo e negociação, mas em alguns casos o rompimento pode ser inevitável.
No município cabista, depois de seis anos no Governo, o partido rompeu com o prefeito Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho, no fim do ano passado, por divergências no 2º turno das eleições (Andinho apoiou o governador Luiz Fernando Pezão enquanto os petistas seguiram com Marcelo Crivella).
Por decisão tomada pela Executiva Municipal, o ex-secretário de Obras Carlos Roberto Pica-Pau e comissionados entregaram os cargos, mas o único vereador eleito pela sigla, Ayron Freixo, segue na base de apoio ao prefeito, situação que coloca em xeque sua permanência no partido. Apesar dos contratempos, o vice-prefeito Reginaldo Mendes já confirmou que é pré-candidato à Prefeitura de Arraial.
Por sua vez, em São Pedro, a resistência é contra o prefeito Cláudio Chumbinho. Correntes partidárias o criticam pelo alinhamento irrestrito ao Governo do Estado. No ano passado, Chumbinho esteve no palanque com Pezão, enquanto o PT estadual caminhou com Crivella, orientação seguida inclusive pelo então candidato da sigla no 1º turno, Lindberg Farias.
No entanto, apesar do ‘racha’, característico de uma sigla historicamente dividida e de característica ‘assembleísta’, a expectativa nas bases é por um crescimento regional e estadual nos próximos anos.