Camarão com limão e uma pitadinha de sal... Quem é que não gosta? Mas, para azar dos apaixonados pelo sabor do crustáceo, a delicada pitadinha tornou-se de repente uma desastrada pá de sal quando o assunto é o que interessa em tempos de crise: preço. Pois não é que a iguaria chegou à casa dos R$ 50 em mercados da Região dos Lagos?
A onda de preço alto tem duas razões. Primeiro, o vírus da mancha branca, doença que afetou cerca de 30% da produção do camarão de cativeiro em 2016. Segundo, o período de defeso do camarão do mar, que se estende até o final de maio.
Resultado: reclamação de todos os lados. De quem compra e, também, de quem vende.
– Os clientes reclamam do preço. Até eu reclamo – dispara a proprietária da Peixaria Maré Alta, Luzia Costa da Silva.
Dona de uma peixaria em local nobre, no Porto da Barra, em Búzios, Luzia, no entanto, afirma que a venda do crustáceo não diminuiu apesar do preço.
– Hoje (ontem) está a R$45,00, mas varia. Mas apesar das reclamações, as pessoas estão comprando mesmo assim – diz.
A realidade vivida no município buziano é bem diferente de em Cabo Frio. Pelo menos é o que dizem donos de peixaria e até mesmo os consumidores. Joaquim Narciso, dono da Peixaria do Povo, em São Cristóvão, afirma que a venda despencou. E a expectativa para o feriado da Semana Santa não é das melhores.
– O preço está fora da realidade. Hoje (ontem), o quilo está a R$ 47. A venda caiu de 70 a 80%. Portanto, também estou comprando menos – diz Joaquim.
– Se o preço continuar desse jeito, na Semana Santa vamos vender muito pouco – completa.
Enquete realizada por reportagem no Facebook comprova a tese de Joaquim: pouquíssima gente se atreve a desembolsar o o preço atual do crustáceo – que, veja só, acabou virando piada.
– Miojo com sabor de camarão R$ 0,99 no Assaí – se diverte a internauta Delainy Passos, que recebe o apoio do também internauta Sandro Aluisio Duarte:
– Caldo knoor com gosto de camarão – dispara.
Mas brincadeiras à parte, quem não consegue divertir com essa realidade é o Chefe de Cozinha Dê da Silva. Ele vende acarajé e afirma que não tem como repassar o preço para os clientes. O jeito é amargar prejuízo:
– Não tenho como repassar o valor, pois existe uma crise econômica. Acabo perdendo. Não tem como repassar o preço. Tenho que tirar recursos de outro lugar para manter a qualidade do produto, que é minha marca. Quem prioriza a qualidade do serviço oferecido perde. É o risco do negócio – explica ele.e
Aldicérgio Soares, dono de um restaurante em Arraial, também não tem como substituir o camarão no cardápio e acaba, literalmente, pagando o preço.
– Não tenho para onde correr. Preciso do camarão para rechear os pasteis. Pago R$50,00 o quilo.