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Bairros a 'deus-dará'

Problemas de estrutura nas ruas tiram sono de moradores de São Pedro da Aldeia

Aldeenses perdem a paciência com situação de abandono em diversos pontos da cidade

10 março 2020 - 09h53Por Luan Viana
Ruas sem asfaltamento, entulho amontoado, água parada e, em dias de chuva, transtornos causados pelos alagamentos. Os problemas de estrutura e de manutenção em diversos pontos de São Pedro tiram o sono – e a paciência – de moradores. Ontem à tarde, a reportagem da Folha testemunhou os problemas em dois bairros: Porto do Carro e São João.
 
Através de nota, a Prefeitura informou que a Secretaria de Urbanismo e Habitação concluiu a elaboração de projetos técnicos para resolver os problema. “Agora, os esforços estão direcionados em buscar recursos financeiros que viabilizem as obras”, diz a Prefeitura. Entretanto, um empréstimo de R$ 30 milhões para financiar investimentos não sairá do papel (leia abaixo).
 
Aldeir Francisco dos Santos, que tem 55 anos e mora no Porto do Carro há 33, conta que a situação de hoje é a mesma de quando ele chegou ao bairro pela primeira vez.
 
– Nada muda por aqui. Quando chove, então, a situação fica muito complicada. A gente já pensa em todos os transtornos causados. Fica uma lama que só. A gente sempre reclama com a Prefeitura, mas não adianta muita coisa – reclama.
 
Na estrada que dá acesso ao Alecrim tem tanto buraco, não há amortecedor de carro que aguente a quantidade de buracos.
 
– Eu mesmo já tive o meu quebrado. Gastei um dinheiro que não tinha, mas fazer o que, né?
 
 
Vizinha de Aldeir, Ana Paula Azevedo, 44 anos, reclama do serviço de coleta de lixo – uma dor de cabeça que se soma a todos os problemas de infraestrutura.
 
– Hoje [ontem] de manhã, por exemplo, o caminhão da Comsercaf só retirou o lixo até a metade da rua, que é a parte que pertence a Cabo Frio. A parte da rua que abrange a cidade de São Pedro fica completamente abandonada. Tem lixo aqui parado há seis meses – lamentou Ana Paula.
 
Além do problema da coleta do lixo, a rua também sofre com a chuva. Segundo a Ana Paula, tábuas de madeira são colocadas em cima da lama para facilitar a passagem de veículos e pedestres.
 
Em São João, os mesmos problemas preocupam os moradores. Na Rua Alice Motta Martins, passa esgoto na frente de uma creche. O secretário de Meio Ambiente, Lagoa e Saneamento, Luciano Pinto, foi até o local e constatou o vazamento oriundo de uma manilha quebrada. A Prefeitura garantiu que a equipe vai realizar a troca desta manilha hoje.
 
A estudante Alexia Oliveira, de 22 anos disse que, na Rua Marechal Castelo Branco, o cenário é sempre o mesmo quando a chuva chega.
 
– Das duas, uma: você dá a volta e passa pela outra rua ou decide ficar em casa para evitar a fadiga, porque, se decidir sair, ainda corre o risco de cair por conta dos buracos. Como a rua fica cheia, os buracos nunca são vistos, e aí a passagem fica complexa – conta a Alexia.
 
Ainda de acordo com a estudante, enquanto a Prefeitura não aparece para solucionar os problemas, os moradores são obrigados a dar um “jeitinho” para que os veículos passem pela estrada.
Silvani Alves, de 26 anos, conta que o asfalto da Rua Marechal Castelo Branco nunca resiste às chuvas. Resultado: crateras atrás de crateras.
– Como a Prefeitura nunca nos ouve, resolvemos chamar a atenção da Salineira, para a empresa então entrar em contato com a Prefeitura, mas até agora, nada.
 
Clóvis de Araújo, 52 anos, dos quais 20 morando no bairro, também lamenta que os moradores são obrigados a pagar por fora um serviço que a Prefeitura não faz.
 
Já a aposentada Maria das Graças, 70, diz que luta pelas melhorias do bairro há cerca de 30 anos.
 
– Tem político dizendo que a minha rua é um câncer, e isso não é verdade. Falar é muito fácil porque ninguém vem aqui para ajudar e perguntar se a gente está precisando de alguma coisa – desabafa Maria, contando que até mesmo caiaques são usados por membros de uma igreja em dias de chuva.
 
Proposta de
empréstimo
causou polêmica
 
Causou polêmica na cidade a forma pela qual a Prefeitura tentou resolver os problemas de estrutura nos bairros. Seria um empréstimo de R$ 30 milhões junto à Caixa, para obras de infraestrutura em bairros da periferia da cidade, principalmente asfaltamento e saneamento básico. O projeto foi encaminhado à Câmara no dia 14 de outubro do ano passado.
 
O Executivo pediu a devolução da matéria porque não haveria mais tempo para aprovação na Caixa, segundo nota assinada pelo prefeito Cláudio Chumbinho. Segundo a Prefeitura, o empréstimo viabilizaria 17km de pavimentação, “evitando que o município tivesse despesa com contratos de equipamento e operações tapa-buracos”.