“Meu Deus, onde está esse dinheiro?”. Foi entre risadas nervosas que a presidente da Associação dos Pais e Alunos Excepcionais (Apae) de Cabo Frio, Kely Soares, reagiu ao saber pela reportagem que dados do Portal da Transparência do município apontam repasses de mais de R$ 3,2 milhões da Prefeitura para a entidade filantrópica, entre fevereiro e julho deste ano.
Procurado, o secretário de Comunicação, Edinho Ferrô, ficou de apurar a situação junto à secretaria de Administração, mas não atendeu mais as ligações da reportagem, tampouco as retornou até às 21h30 de ontem, hora de fechamento desta edição.
De acordo com os dados oficiais, somente no segundo mês do ano, foram repassados, em dez parcelas de diferentes valores, mais de R$ 3 milhões em favor da Associação, que cuida de 350 crianças nas unidades de Cabo Frio, em São Cristóvão, e do distrito de Tamoios.
No entanto, a realidade da Apae cabofriense está bem distante dos números astronômicos apresentados e que podem ser consultados por qualquer pessoa no site da Prefeitura. De acordo com Kely, a única ajuda oferecida pelo município à entidade é por meio da cessão de servidores, o que corresponde a 80% do quadro de pessoal, hoje de aproximadamente 120 funcionários, incluindo as duas unidades.
– Nunca recebemos qualquer numerário da prefeitura, nem fizemos nenhum tipo de pedido de dinheiro. Eles já nos fornecem 80% dos nossos funcionários, o que já é uma ajuda bem grande.
Ela conta ainda que as principais fontes de recursos da entidade são um convênio com a Fundação para a Infância e da Adolescência (FIA), ligada ao Governo do Estado, que rende mensalmente entre R$ 20 mil e R$ 22 mil e com a concessionária de energia elétrica Ampla, que inclui um determinado valor na conta de luz dos interessados em ajudar, o que gera mais R$ 20 mil por mês aos cofres da instituição, que é privada, mas de utilidade pública. A verba é usada para compra de alimentos, bem como outras despesas.
O Sistema Único de Saúde (SUS) também ajuda a financiar um percentual de alguns procedimentos e o pagamento de alguns profissionais na rede particular de saúde. Além disso, Kely afirma que a entidade recebe inúmeras doações, inclusive de cestas básicas, muitas delas como penas alternativas de condenados pela Justiça.
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