O inimigo público número um da saúde pública é minúsculo, tem cerca de 0,5 centímetro, mas tem provocado estrago grande em Cabo Frio e nas demais cidades da região. O mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, da zika e da chikungunya segue causando problemas em larga escala para a população, enchendo as emergências dos hospitais.
De acordo com dados da secretaria municipal de Saúde de Cabo Frio, apenas em 2016, foram computados 632 casos de dengue, 403 de zika e 482 de chikungunya. Na vizinha Arraial do Cabo, pelos dados da última semana epidemiológica, que se encerra hoje são 471 notificações de dengue; 256 de zika e nehum de chikungunya. Em São Pedro, mesmo ainda aguardando a confirmação, os números de notificações também são elevados: dengue (350), zika (368) e chikungunya (18).
Enquanto as prefeituras prometem intensificar as ações preventivas e de combate, os municípios, principalmente em seus bairros mais afastados, sofrem com as carências no recolhimento de lixo e na capina de áreas comuns, condições que favorecem a proliferação do inseto. Arraial e São Pedro, inclusive, já foram considerados em situação de epidemia de dengue pela secretaria estadual de Saúde, por conta da relação entre o número de ocorrências e de habitantes dessas cidades.
Outra preocupação, esta invisível e que ameaça avançar Brancode forma silenciosa, é a possibilidade de novo surto da gripe suína, causada pelo vírus H1N1. A última vez que o Brasil teve uma epidemia do gênero foi em 2009. Os números ainda não confirmam a preocupação – não houve casos registrados na região – mas as informações sobre algumas ocorrências em outros estados do Brasil acenderam o sinal amarelo em Cabo Frio, onde algumas mudanças de hábito já são notadas.
Com a facilidade de propagação do vírus por meio de secreções como a saliva, aumentaram os cuidados com a higiene e a procura por produtos como o álcool gel disparou (veja no quadro ao lado).
Por recomendação da paróquia Nossa Senhora de Assunção, por exemplo, em um dos momentos mais importantes da missa, a comunhão, os fiéis não recebem mais a hóstia na boca e sim nas mãos, diminuindo a possibilidade de contaminação. Por sua vez, nas escolas, campanhas de conscientização de pais e alunos estão sendo realizadas.
– Estamos promovendo uma conscientização interna, por meio de palestras. Um médico infectologista vem na próxima semana falar com os pais e alunos. Também colocamos cartazes e avisos pela escola – disse o diretor do Canto dos Pássaros, André Rocha.
Apesar dos cuidados, o sanitarista Beto Nogueira diz que não há motivo para alarde e sim para prevenção.
– É preciso lavar as mãos com mais frequência, se alimentar melhor e, ao espirrar, colocar o antebraço à frente da boca – diz.
Farmácias buscam reposição do produto
Vislumbrando a possibilidade de uma nova epidemia de gripe suína, como a de sete anos atrás, os cabofrienses promoveram uma verdadeira corrida às farmácias da cidade para a compra de potes de álcool gel, produto recomendado para o combate do vírus H1N1. A Folha pesquisou em vários estabelecimentos do tipo por toda a cidade e, na maioria deles, o produto está em falta.
– Tivemos que pedir mais a uma distribuidora de São Paulo para chegar só na sexta – informou a atendente de uma loja em São Cristóvão.ção do vírus por meio de secreções como a saliva, aumentaram os cuidados com a higiene e a procura por produtos como o álcool gel disparou (veja no quadro ao lado).
Dicas do especialista
Para o sanitarista Beto Nogueira a propagação do vírus influenza H1N1 não é maior que a de outros tipos de gripe. No caso da gripe suína, ela se dá por meio de gotículas expelidas por meio de secreções com tosse e espirro.
– A boca e o nariz são a porta de entrada do vírus – explica.
De acordo com o especialista, a gripe suína tem diferenças sutis em relação a uma gripe comum e ao resfriado. O H1N1 se caracteriza por repentina febre alta (acima de 39º), forte dor de garganta e congestão ocular.
– O ideal é não fazer o diagnóstico e procurar um médico. Melhorar a alimentação, beber muito líquido e não se automedicar – ensina Beto Nogueira.
Na Paróquia Nossa Senhora Assunção, fiéis estão recebendo hóstia nas mãoes e não na boca (Rodrigo Branco)