Praticamente nada mudou depois que a Folha publicou reportagem no começo do mês denunciando o problema do som alto que vem dos bares da Rua Meira Junior, no centro, e de carros parados ao longo da via. Na verdade, segundo relatos da vizinhança, desde então a situação até piorou. Ciente da questão, a Prefeitura de Cabo Frio promete resolver a questão em breve.
O secretário de Desenvolvimento da Cidade, Cláudio Bastos, afirmou ontem que está buscando ‘ações definitivas’ junto com o Ministério Público (MP) e a Justiça. Segundo Bastos, quem não se adequar pode ter o alvará de funcionamento cassado e ser fechado.
– O som extrapola. Já existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para inibir a poluição sonora em Cabo Frio e um inquérito civil – resumiu Bastos, que tem se encontrado com frequência com a promotora Carolina Maria Gurgel Senra, da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva.
Na madrugada do último sábado, em meio ao feriadão de Tiradentes, dezenas de pessoas fecharam a via e promoveram uma espécie de ‘baile funk’ ao ar livre, o que levou ao desespero os moradores dos prédios vizinhos. Amedrontados, todos os ouvidos pela reportagem preferiram o anonimato. Eles criaram uma comissão para denunciar não apenas a veiculação das músicas de teor erótico, mas também as brigas e o alto consumo de álcool e de drogas que, segundo o grupo, são vendidas ali mesmo. Os relatos são de que, desta vez, a música não saiu dos estabelecimentos, mas como eles funcionam vendendo bebidas alcóolicas até altas horas da madrugada, isso acaba alimentando o movimento na rua.
– Há muitos idosos que moram por aqui. Duas famílias já saíram por causa da confusão. A gente só quer ter o direito de poder dormir – desabafa um morador.
Uma mulher que vive nas proximidades e preferiu não se identificar com medo de represálias, chegou a gravar da janela um vídeo com a movimentação, que está publicado no Facebook da Folha. Somente no perfil dela, onde as imagens também foram divulgadas, foram mais de 26 mil visualizações até o fechamento desta reportagem e centenas de comentários, vários deles com xingamentos e comentários irônicos de jovens que aparentemente frequentam as ‘festas’. Reclamando da inércia das autoridades, ela pede providências imediatas.
– Tenho medo do que pode acontecer no próximo fim de semana se alguma coisa não for feita. Queremos uma audiência com o comandante da PM. É horrível morarmos no centro de Cabo Frio, mas ao mesmo tempo estarmos ilhados – comenta.
Procurado, o comandante do 25º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, afirmou que o problema é de responsabilidade do poder público municipal e que a PM serve como apoio às operações.