RODRIGO BRANCO
A chegada de um navio carregado de malte e cevada, amanhã, a Arraial do Cabo traz à tona uma relação complicada entre o Porto do Forno, único terminal portuário alfandegado da região e o escritório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na cidade, responsável pela reserva extrativista (Resex) cabista.
A principal reclamação diz respeito às restrições impostas pela autarquia com relação às normas de operação do Porto dentro da reserva, embora a própria licença de operação nº 892/2009, vigente em conformidade com resolução de 1997 do do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), imponha uma série de limitações para as atividades portuárias.
Direcionando as críticas à atuação da chefe do escritório da cidade, Viviane Lasmar, o diretor de Operações, Victor Lemos, disse que, embora o Porto atenda a todos os requisitos, esbarra na ‘ação isolada’ de Lasmar.
– Embora o Porto cumpra as 27 condicionantes e as diretrizes ambientais do Ibama, a chefe da reserva, sem responsabilidade
técnica alguma, restringe a atividade do Porto, o que tem um impacto comercial ruim, assim como acontece com os pescadores e com aqueles que trabalham com Turismo – dispara Lemos.
Outra queixa diz respeito ao pagamento da taxa cobrada para entrada de embarcações (diária de R$ 1.000), quantia que não seria revertida para a Resex e sim para a União, segundo o diretor de Operações.
Polêmica à parte, a Capitania dos Portos precisa aprovar o fundeio do navio que chega amanhã à costa da Região dos Lagos, em área próxima à Ilha do Papagaio, em Cabo Frio. Suas águas claras são necessárias para a filmagem do casco. O procedimento, cuja validade estava vencida, é obrigatório e visa à possível identificação de micro-organismos nocivos ao ecossistema local.
Plano de Manejo está a caminho
Se existem discordâncias entre os envolvidos na atividade marítima, um fator que possivelmente ajudaria a aparar as arestas seria a aprovação do Plano de Manejo da Resex de Arraial do Cabo, criada em 1997, e até hoje apenas no papel, apesar das discussões ocorridas no Conselho Deliberativo do órgão. O plano traça as diretrizes de atuação das atividades econômicas na reserva extrativista.
Alvo direto das críticas da diretoria do Porto, Viviane Lasmar disse que as conversas pelo Plano de Manejo estão avançadas e devem ser concretizadas em 2016. Lasmar alega que a demora aconteceu pelo fato de ter feito questão de ‘envolver toda a sociedade no debate’.
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