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​‘Por que não investigam a fábrica de invasões ?’, questiona Jaílton Nogueira

Em entrevista, secretário de três pastas fala do desafio do acúmulo de tarefas e rebate críticas de vereadores sobre 'Fábrica de Multas' na cidade

04 abril 2016 - 09h46Por Rodrigo Branco
​‘Por que não investigam a fábrica de invasões ?’, questiona Jaílton Nogueira

Jaílton diz que para dar conta precisa confiar na equipe: “Tenho hora para entrar, mas não para sair” (Rodrigo Branco)

A medida da agenda atribulada de Jailton Nogueira está na dificuldade de marcar essa entrevista, concedida na sede da secretaria de Meio Ambiente, em um raro momento de calmaria. Com mais poder após a reforma administrativa do prefeito Alair Corrêa, o biólogo de 46 anos, faz parte da cota técnica e não política do secretariado. Satisfeito com o trabalho desempenhado, Jailton não se aborrece nem mesmo com o fato de ter trancado o pós-doutorado e o cargo de professor universitário em nome da dedicação quase exclusiva ao setor público. À Folha, um dos ‘supersecretários’ de Alair fala das dificuldades do acúmulo de funções e faz um balanço do seu trabalho no período.

Folha dos Lagos – Como tem sido a experiência de acumular três pastas?
Jaílton Nogueira –
É um grande desafio, mas como sempre fiz no Meio Ambiente, procuro valorizar as pessoas. Não faço nada sem equipe. Sou apenas a pessoa que aparece mais. Tenho consciência disso, por isso tento valorizar e capacitar a equipe para que a gente consiga desenvolver um bom trabalho. Quando estou na Ordem Pública, tem alguém fazendo aqui e vice-versa. Nos Serviços Públicos também. Passei um mês e pouco colocando as pessoas certas junto a mim.

Folha – E como tem sido a rotina de trabalho?
Jaílton –
Hora pra acabar a gente não tem. Mas eu chego no início do dia. Na segunda, eu sempre fico no Meio Ambiente. Na quarta, na Ordem Pública e na quinta, nos Serviços Públicos. Nos outros dias eu fico flutuando de acordo com alguma emergência ou situação que tenha programado, como por exemplo quando a gente teve o curso de capacitação para Guarda Municipal (promovido pelo 25° Batalhão). E ainda tem Tamoios. Então é bem complicado.

Folha – Quando o prefeito fez a reforma, disse que teve de demitir amigos, mas você ficou. Como viu isso?                                            Jaílton – Quando a gente vai escrever a nossa tese de mestrado e doutorado, tem aquela parte dos agradecimentos. Sempre sou grato a quem confia em mim e me ajuda. É a gratidão acima de tudo. É lógico que a gente fez alguma coisa pra ter essa confiança. Mas sou extremamente grato ao prefeito pela confiança e responsabilidade que ele me deu. Se ele confiou, preciso demonstrar.

Folha – Como está sendo gerir essas pastas em um momento de crise econômica?
Jaílton –
É difícil. Na secretaria de Meio Ambiente, continuamos com os nossos programas. O que a gente busca são as parcerias com empresários, ONGs... Transferi isso para para as outras pastas também. Antigamente, a prefeitura bancava tudo. Eu chamo o setor e falo que quero uma contrapartida. O modelo público-privado de parceria sempre deu certo na secretaria de Meio Ambiente. Estamos fazendo isso na secretaria de Servicos Públicos, na Guarda Municipal e na Ordem Pública.

Folha – Sente a pressão de trabalhar em um governo que vem sendo muito cobrado?
Jaílton –
Sinto bastante cobrança, mas não tenho medo da cobranca. É preciso ter criatividade num momento muito difícil. A falta de aprovacao pela coleta de lixo é uma situação muito desgastante para o governo. Cabo Frio era a cidade mais limpa do brasil. Ele não seria louco de perder toda essa conquista porque foi ineficiente, o secretário dele foi ineficiente. Obviamente, sem demagogia, é a falta de dinheiro, tanto que ele fez várias modificações para mexer e motivar. Sei que o povo cobra, mas é preciso saber que quem produz seu lixo, fora o organico, é responsavel pelo seu descarte e o destino adequado, caso do entulho de obra.

Folha – O que acha das críticas na Câmara sobre uma suposta ‘Fábrica de Multas’ na cidade?
Jaílton –
Há várias situações muito demagógicas. Um exemplo é a Upam (unidade de policiamento ambiental), um ganho extremo para a região. Quem não confia em uma instituição que combate crimes ambientais? Quem comete crimes ambientais ou se favorece disso direta e indiretamente. Existe a multa e o reboque. Quando se reboca um carro na saída da sua garagem, você vai aplaudir. Quem foi rebocado, vai reclamar. Claro que toda ação tem que ter uma adequação, uma correção. Os excessos serão revistos diante da defesa. Agora vender para a população como ‘indústria de multa’ é meio irresponsável, sem se verificar caso a caso.

Folha – O modelo cicloviário é viável em Cabo Frio?
Jaílton –
É bem viável. Espero que todo o enxugamento da máquina, o aumento de arrecadação e o possível empréstimo venha a nos ajudar agora e posteriormente, se ganharmos a reeleição porque os projetos são lindos. Temos um com a secretaria de Transporte e projetos especiais de ciclovias que vinham desde a estrada de Arraial, com locais para guardar bicicleta, com vestiário. Cabo Frio é cidade pequena, tem que rever o Plano Diretor urgente. A malha viária é muito grande no Centro e com saída de escola, feriados e verão, complica. A gente precisa desobstruir o trânsito em Cabo Frio, que está cada vez mais complexo.

Folha – Qual o maior desafio na área ambiental? A fiscalização insuficiente, as invasões...
Jaílton –
A fiscalização continua a mesma. Quem trabalha no meio ambiente é porque gosta. A gente enfrenta bastante adversidade, como ameaças. Mexe-se com muitos interesses. Existe, por exemplo, uma indústria das invasões. Falam em indústria de multas mas eu queria ver os vereadores brigando por essa causa. Há pessoas que são bancadas só para invadir. Tem o ‘kit invasão’. De sábado para o domingo já tem um alicerce. Mas tem gente graúda por trás disso, financiando. Mas acho que o grande desafio mesmo é a conscientização, a educação e a participação da sociedade que está bastante omissa. Prefere ficar atrás de um Facebook reclamando, mas não participa das mudanças.

Folha – Qual a posição da prefeitura no caso Club Med?
Jaílton –
O licenciamento é feito pelo estado. O processo está judicializado, tem bastante coisa complicada, então por que mexer no que está complicado? Assim que o estado se pronunciar, a gente se pronuncia. Nada vai acontecer sem a gente verificar a documentação porque a obra é dentro do município. Não há nenhuma liberação do município. Eles não tem nada nosso.

Folha – Qual a diferença de atuação dos Serviços Públicos, da Comsercaf?
Jaílton –
A Comsercaf é uma autarquia que faz a gestão do lixo e também oferece estrutura para eventos. O Serviço Público entra na questão postural do uso do solo. Dentro de um processo de extinção da Comsercaf, pode a varrição pode ser transferida para nós.

Folha – Por que a Comsercaf ainda não foi extinta?
Jaílton –
Isso está na Procuradoria do município, não é simples. Há todo um passo para fechar as portas de uma empresa. Passa pelo funcionário, contratos e gestão do local. Isso não cabe a mim. Só quando vier pra mim, se vier, vou tomar ciência. Só quero a parte operacional, na jurídica tem o embasamento da Procuradoria.