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Pontal do Peró: Cabo Frio tem um bairro novo com problemas antigos

Moradores apresentam extensa lista de reclamações por conta de estrutura precária

16 julho 2020 - 16h57Por Julian Viana
Pontal do Peró: Cabo Frio tem um bairro novo com problemas antigos

Um cenário de completo caos. Essa é a realidade do bairro Pontal do Peró, em Cabo Frio, próximo ao Guriri e à entrada de Búzios. Fotos recebidas pela reportagem da Folha dos Lagos mostram ruas transformadas em rios com a água da chuva. Mas o problema não se limita a isso. A lista de reclamações de reclamações é extensa. Segundo moradores, falta fiscalização de caçadores que invadem a mata em busca de animais silvestres e rigor para coibir o desmatamento no local, já havendo uma clareira onde antes havia um bambuzal.

Além disso, segundo eles, não há coleta de lixo regular e a iluminação pública é precária. Por fim, nos espaços que deveriam ser destinados a duas praças, o mato já cresce a mais de dois metros de altura. O local passou a se chamar Pontal do Peró em 2019. Foi em 1994 que a Prefeitura de Cabo Frio emitiu um alvará de licença para a implantação do loteamento, que ficou conhecido  por anos como Loteamento Caravelas do Peró. 

Para Marta Rocha, vice-presidente da Associação dos Moradores, tudo aquilo que a população solicita é que a Prefeitura tome conta e faça as melhorias daquilo que o bairro precisa.

– Tudo o que a gente deseja é que o bairro seja tratado como um bairro. Sinto que as autoridades não respeitam a gente. É como se não existíssemos, mas pagamos os impostos como qualquer outro cabofriense – conta a vice-presidente.

Marta diz que toda vez que chove é uma preocupação diferente. As ruas se transformam em rios, e a população fica ilhada. Os moradores do bairro precisam abrir as valas – por conta própria – para que a água escoe.

– Nossas ruas ficam completamente tomadas por água.

Eu confesso que estou até com medo da próxima chuva. Infelizmente, este é um problema que se alastra desde 1994 e que até hoje não foi solucionado – desabafa a vice-presidente.

Mercely Cardoso de Lima, presidente da Associação dos Moradores, diz que para que as melhorias aconteçam no bairro a população precisa tirar o dinheiro do próprio bolso.

– Somos obrigados a contratar máquinas para abrir as valas para que a água da chuva escoe para o mar. Nós que tivemos que comprar manilhas porque todas as vezes que solicitávamos máquinas à Prefeitura, ela alegava que só tinha uma e que era inviável atender todo o município. Pedimos as soluções, e a Prefeitura diz que não tem dinheiro – conta a presidente.

– Tivemos que providenciar uma lixeira, que fica localizada na entrada do bairro, para que o caminhão de lixo faça o seu serviço, visto que nunca entra nas ruas do nosso bairro. Na rua principal, por exemplo, só tem iluminação porque nós [moradores] nos unimos para isso – completa a vice-presidente Marta.

O aposentado Marcos Dias, que mora no Rio e é proprietário de casa no bairro, também reclama do serviço de água e esgoto.

– Todo mundo precisou instalar uma espécie de fossa séptica em cada casa porque o serviço de saneamento não existe no bairro. O trâmite é bem complicado. Eu tenho que ir até à Prolagos, fazer uma solicitação de um caminhão-pipa e esperar cerca de 2 dias para que o serviço seja prestado.

Pelo fato de eu morar no Rio de Janeiro, fica impossível fazer todo esse procedimento que é solicitado pela empresa. Por conta disso, acabo tendo que coletar a água da chuva e faço todo o tratamento da água com o cloro para jogar a água [tratada] dentro da caixa d’água – completa.

Outro proprietário de imóvel no bairro, Rodrigo Ribeiro classifica a situação como constrangedora. Ele mora em Ilha Bela, litoral de São Paulo, e visita a cidade de Cabo Frio cerca de três vezes ao ano.

– É uma situação muito constrangedora. Os moradores precisam fazer um serviço que cabe a Prefeitura fazer. Quem entra no bairro acha que é uma área de zona rural, mas é de zona urbana – desabafa Rodrigo, acrescentando que muitas vezes é necessário apelar para a Prefeitura, através de  ouvidorias, para que o lixo seja recolhido no local.

Em nota, a Prolagos, empresa responsável pelos sistemas de água e esgoto da região, disse que iniciou um estudo de viabilidade para a elaboração de um projeto para a construção de extensão de rede de água tratada para atender os moradores do bairro Pontal do Peró, uma zona de ocupação controlada (ZOC) na APA do Pau Brasil.

“O local não é contemplado com rede pública de esgoto. Nestes casos, o Código de Postura Municipal determina que os imóveis estejam ligados a um sistema próprio com fossa, filtro e sumidouro”, diz um trecho da nota divulgada à Folha.

A Prefeitura Municipal de Cabo Frio disse que, em relação à iluminação pública, a autarquia possui um contrato em vigor de manutenção de iluminação, licitado no governo anterior, que não prevê novas instalações.

“No início do ano passado, foi iniciado um processo licitatório visando à contratação de uma empresa especializada na manutenção, instalação e eficientização do parque luminoso da cidade. Porém, o processo está em análise no Tribunal de Contas do Estado, desde agosto de 2019. Assim que o processo for liberado pela Corte de Contas, a autarquia dará prosseguimento à licitação para substituição ou instalação de novos postes”, diz um trecho da nota divulgada.

A Companhia de Serviços de Cabo Frio (Comsercaf) explicou que “devido ao número reduzido de moradores do bairro, sendo a maioria das casas compostas por veranistas, foi feito um acordo para que a Associação dos Moradores instalasse uma lixeira comunitária”.

A companhia explicou que a coleta de lixo é realizada as terças, quintas e sábados. “No trecho da praia, o recolhimento do lixo domiciliar é feito diariamente”.