Em se tratando de política, dificilmente se constroi um consenso, se o assunto em questão não for do comum interesse do grupo. Mas a notícia veiculada nos últimos dias sobre a possibilidade de as eleições do ano que vem voltarem para o antigo formato das cédulas de papel, por cortes no orçamento de 2016 da Justiça Eleitoral, ganhou a reprovação quase unânime entre as lideranças de Cabo Frio.
Modelo seguido em outros países, o pleito em urnas eletrônicas começou no Brasil em 1996. Suspeitas à parte, acabou se tornando referência em rapidez e credibilidade. Características que muitos temem que sejam perdidas em uma eventual ‘volta ao passado’, caso do deputado estadual Janio Mendes (PDT).
– É um retrocesso. As urnas eletrônicas representam o maior avanço da democracia brasileira. É preciso, nesse momento, aprimorá-la com a impressão do voto. Retornar à cédula de papel é voltar a um tempo em que os coronéis controlavam os votos – comentou o vice-líder do governo na Assembleia Legislativa.
Do corte de mais de R$ 10 bilhões estipulado pela União para o ano que vem, cerca de R$ 1,7 bilhão atingirá o Poder Judiciário, dos quais R$ 430 milhões se referem à Justiça Eleitoral. Do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff, o vereador Eduardo Kita diz que compreende o momento difícil, mas que não concorda com os cortes nesta área.
– A gente entende, que numa situação de crise como essa haja cortes, mas não na questão da Justiça Eleitoral, com as urnas eletrônicas – acredita.
Para seu colega de Câmara, Vinícius Corrêa (PP), o governo federal não tomou as medidas necessárias de contenção de despesas e, por isso, com a possibilidade da volta do voto em papel, vê a credibilidade da próxima eleição ‘em xeque’.
– O processo eleitoral brasileiro avançou muito, mas ainda precisa de acertos na minha opinião. A questão do voto impresso seria muito importante para garantir a lisura do pleito, agora a volta às cédulas é um retrocesso total. Não dá para acreditar num pleito que não seja na urna eletrônica – avalia.
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