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Polícia investiga tapete com iniciais de facção

Responsáveis por incidente em Araruama responderão por apologia ao crime

17 junho 2017 - 13h59
Polícia investiga tapete com iniciais de facção

Policiais da 118ª DP (Araruama) trabalham para descobrir a responsabilidade pela confecção de um tapete de sal com as iniciais alusivas a uma facção criminosa, durante a celebração religiosa de Corpus Christi, na quinta-feira.

Segundo testemunhas, a montagem teria sido feita durante a madrugada.

Ao perceberem a mensagem, agentes da Guarda Civil Municipal rapidamente a desfizeram. No lugar, policiais militares do 25º Batalhão refizeram o tapete com outra inscrição, desta vez siglas e o telefone da corporação (‘PMERJ, 25º BPM, 3ª CIA, 2665-2415), além da hashtag ‘Araruama é nossa’. Diferentemente do que chegou a ser divulgado, até o momento, ninguém foi preso pela ação.

O comandante do 25º BPM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, não entrou em detalhes sobre assunto, mas disse que o responsável pode não ter sido um traficante de drogas.

– É um ato lamentável, mas não tem como ficar falando. A competência é da Polícia Civil. Não dá para ter certeza que foi mesmo um traficante. Pode ter sido uma pessoa de má-fé – comentou.

Em nota enviada à reportagem, a Polícia Civil disse que o caso está sob investigação e que ele foi registrado na delegacia de Araruama como apologia ao crime, que tem pena de três a seis meses de prisão ou multa.

Por outro lado, o episódio indignou fiéis, que ficaram chocados com a imagem do tapete, maciçamente divulgada nas redes sociais durante todo o dia de ontem. O frei José Luis Magalhães, da Paróquia de São Sebastião, que organizou os festejos, afirmou tratar-se de um ‘desrespeito’ com um símbolo da fé católica.

– Acho que queriam mostrar presença e ‘poder’, assim entre aspas. É lamentável isso acontecer num ato religioso. Ainda que tenham usado de um senso de humor meio estranho, não foi uma brincadeira de bom gosto – sentencia.

Por ontem ter sido ponto facultativo, ninguém da prefeitura, corresponsável pelo evento, foi localizado para comentar o assunto.

Comandante reforça combate ao crime 

Terceira cidade mais violenta do Estado do Rio, segundo o Atlas da Violência 2017, Araruama tem recebido atenção especial da Polícia Militar nos últimos meses. O grande número de homicídios e a migração de criminosos da Região Metropolitana acenderam o alerta das autoridades.

O comandante do 25º BPM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, confirma que o município está no centro das atenções. Segundo levantamento feito pela corporação, em Araruama, somente este ano, 117 pessoas foram presas e quase 30 quilos de drogas apreendidas.

– Estamos trabalhando muito em Araruama, como nos outros lugares. O tráfico não tem tido trégua e continuará não tendo – garante.

A presença de facções criminosas da capital na Região dos Lagos é confirmada por quem está diariamente nas ruas da cidade. Um PM, que preferiu não ser identificado, comentou a evolução da criminalidade.

– Não precisa ser nenhum estatístico para saber que essa facção está crescendo na região. Na década de 90, a PM apreendia trouxinhas e cigarros de maconha e revólver calibre 32. De 2001 a 2009, aprendia-se buchas de cocaína, tabletes de maconha, revólver 38 e, às vezes, uma pistola 380. De 2010 em diante, o que se vê cada vez mais são cargas e quilos de drogas apreendidos, armas de uso restrito e fuzis. Isso é uma demonstração que a polícia está trabalhando, mas a facção está crescendo – relata.