Mesmo com o Estado do Rio de Janeiro em alerta para o surto de chicungunha neste verão, focos do Aedes aegypti permanecem intactos em Cabo Frio. No bairro Manoel Corrêa, os pneus espalhados à beira da estrada para Arraial, na altura da Rua Luis de Camões, deixam moradores com medo de serem infectados pela doença.
O vidraceiro Antônio Carlos da Silva, 60, observa os próprios moradores tomando a iniciativa de recolher os pneus.
– Há um perigo de doenças. O governo já deveria ter recolhido esses pneus. Uma menina da rua de trás pegou dengue. Tem morador que está recolhendo os pneus. Quando chove, os moradores sacodem os pneus para acabar com os focos – comenta.
No último dia dez de novembro, a Folha denunciou o caso – imediatamente, a Prefeitura fez tratamento larvário nos pneus, que não foram recolhidos. A autônoma Imaculada Conceição Assis, 33, está impaciente com a falta de ação.
– É claro que estamos em perigo. Os jornalistas fazem reportagens, vêm aqui, filmam esses pneus e nada acontece. Tenho medo, mas não posso fazer nada. A gente que tem crianças e idosos em casa fica com medo.
Um pouco antes de anoitecer, os mosquitos invadem as casas e preocupam ainda mais a autônoma Zenilda de Oliveira, 67.
– Não fizeram nada para resolver esse problema até agora. A partir das 18h, aparece uma mosquitada terrível. Ninguém aguenta ficar dentro de casa. Inclusive, já até comprei repelente – reclama.
Com um carrinho de bebê em mãos, a também profissional autônoma Adriana da Conceição, 34, demonstrou toda preocupação com a vizinhança.
– Estou preocupada. Preocupada pelos filhos, por mim, pelo marido, pelos vizinhos... Não sou só eu que tenho criança em casa. Criança aqui no bairro é o que não falta – ela diz.
O provável surto de chicungunha também faz com que os cabofrienses comecem a se prevenir no verão. A farmacêutica Patrícia Santos, 41, vê a procura por repelentes aumentar em 40% na Drogaria Nacional, no centro de Cabo Frio.
– Está saindo muito. As pessoas têm medo de contrair doenças. Além disso, tem muito mosquito na cidade. Os turistas chegam com a casa fechada e, quando abrem, vêem que está lotada de mosquitos – opina.
Na Drogaria do Povo, a saída de repelentes também é boa. É o que garante a atendente Edna de Paula Silva, 50.
– Tem uma saída boa. A cidade está cheia de mosquito. Portanto, os moradores querem se prevenir – explica.
A professora Ellen Luci, 44, passou um grande período com dores por causa da chicungunha. Ela narrou à reportagem os problemas por contrair a doença
– O pior não foram os dez dias de febre, com dores fortíssimas. Porque tinha a esperança que tudo voltaria ao normal. Quando achava que estava melhorando, no dia seguinte não conseguia pentear o cabelo e trocar de roupa. Necessitava do auxílio da minha filha. Meu trabalho ficou comprometido por meses, porque não conseguia chegar no horário. Era uma batalha para conseguir levantar. Precisei pedir compreensão aos meus chefes pelos meus atrasos e faltas. Desde então, sinto um cansaço fora do normal, apesar de não sentir mais dores – revela.