A grave crise financeira vivida pelo Estado pode comprometer o planejamento das forças de segurança da região para a alta temporada. Embora as autoridades afirmem que os problemas de caixa do governo ainda não afetam as suas corporações, o fato é que, a um mês e meio do verão, os batalhões do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar ainda não sabem com o que poderão contar durante o período em que a cidade recebe milhares de turistas nas suas ruas e praias.
Recém-chegado ao quartel do 18º GBM (Cabo Frio), o tenente-coronel Cássio Capelli comentou que a unidade não tem passado por problemas estruturais, como de manutenção de veículos ou de alimentação, mas ele afirma que está sendo obrigado a reduzir os custos do batalhão. Como sintoma de que dinheiro não anda mesmo sobrando, o comandante disse que parcerias com a sociedade civil são bem-vindas.
Capelli disse ainda que o comando-geral da corporação ainda não comunicou que estrutura ele terá a disposição quando dezembro chegar. Até mesmo o tradicional Projeto Botinho, que acontece nas praias com crianças e adolescentes de sete a 17 anos, tem futuro incerto. Mas, internamente, ele garante que o trabalho está sendo feito.
– Não há orientação sobre possíveis cortes. Estamos tentando direcionar os recursos para garantir a melhor forma operacional sem custo elevado. O Plano Verão está sendo iniciado agora com os guarda-vidas, mas vamos ver o que está para acontecer. O pessoal só está apreensivo com a questão do salário, mas isso é uma coisa que foge à nossa competência – alega Capelli, referindo-se às informações de que o Estado não terá condições de quitar os vencimentos de outubro dos servidores.
No quartel da PM, o panorama é semelhante. Apesar de otimista quanto à superação da crise, o comandante do 25º BPM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, admite que a programação para o verão já está em cima da hora.
– Estamos intercedendo junto ao comando-geral para garantir a segurança para a alta temporada. Mas ainda não sabemos quantos policiais virão (para a alta temporada) – afirma o comandante.
O tenente-coronel, contudo, garante que a incerteza quanto ao pagamento salarial não está afetando o moral da tropa.
– Não houve nenhuma mudança. A tropa continua motivada – completa.
Anteontem, durante os protestos e a ocupação do plenário da Alerj, no Palácio Tiradentes, a maioria dos manifestantes era composta por policiais civis e militares e bombeiros, contrários às medidas de austeridade decretadas pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), entre elas, o desconto de 30% dos aposentados e pensionistas.
Em junho, a Folha publicou uma reportagem denunciando as mazelas no batalhões da PM, como coletes vencidos e racionamento de combustível.