Se forem impedidos de desfilar, limitando-se à tradicional “concentra,mas não sai”, os blocos carnavalescos de Cabo Frio poderão produzir o maior nó no trânsito da de Cabo Frio, alertou ontem Jessé Menezes, o Maestro Jessezinho, presidente do Parókia, um dos mais tradicionais da cidade. E este é o tema que promete acirrar o debate sobre o assunto, nesta quinta-feira, no auditório da Folha dos Lagos, a partir das 10h.
– Desfilar pelas ruas significa dispersar a multidão. Concentrar e não sair será o caos, porque o nó no trânsito será inevitável – comentou o Maestro Jessezinho.
O Parókia reúne pelo menos três mil pessoas no carnaval. Sem desfilar, todos estes foliões criam verdadeiro nó no trânsito nas confluências das ruas Nilo Peçanaha e Jorge Lóssio, que, inclusive, é rota dos veículos do Corpo de Bombeiros e ambulâncias.
– Sou contra apenas concentrar, até porque o Parókia não depende de estruturas como guardas municipais e muito menos trios elétricos – sustentou ainda Jessé Menezes.
Fundadora do Flor da Passa gem, Meri Damaceno disse que não adianta deixar os blocos parados sem oferecer infraestrutura.
– Mesmo com os blocos não saindo, tem que haver estrutura na comunidade. Vai ter guarda vigiando? Policial militar? Tem que ter segurança. Cabo Frio está muito violento. Com a cidade cheia, botarão os blocos na rua e cada um se vira como pode? Não tem infraestrutura para nada. Vai ficar a cargo das agremiações pagarem os banheiros químicos e a segurança? – questiona Meri Damaceno.
Já Zarinho Mureb, fundadora do Bloco da Farinha, não vê problemas na saída dos blocos menores.
– Nesse momento, está complicado de fazer os blocos saírem nas ruas. No entanto, os blocos menores, para até 500 pessoas, eu não veria problema nisso. Entendo a preocupação da Prefeitura. Afinal, há um contingente pequeno de guardas. E eles pegaram a cidade desorganizada, num momento complicado. Mas os blocos com bateria podem sair tranquilamente – avalia.
Apesar da contestação de representantes de blocos, o secretário municipal de Cultura, Ricardo Chopinho, continua insistindo que já existe acordo entre os representantes de blocos, condenando-os à simples concentração no carnaval.
– Não podemos abrir exceção para nenhum, o direito é igual para todos – sentencia o secretário. Mas nesta quarta, véspera do debate na Folha dos Lagos, haverá reunião da organização do Carnaval com os mais diferentes setores da cidade.
Abertura – Na noite de sexta-feira, o Parókia abriu a temporada carnavalesca da cidade com a realização de seu primeiro ensaio. Ontem, Jessé Menezes passou o dia em contato com os mais diferentes setores da municipalidade em busca de apoio. A intenção dele é, a partir de agora, promover ensaios todas as sextas-feiras, sempre a partir das 20h.
Debate – Aberto com um fórum sobre a regulamentação do Uber, o projeto “Debates da Folha” desta quinta-feira será exclusivamente sobre o carnaval de Cabo Frio. Além da discussão em torno do polêmico desfile dos chamados blocos tradicionais, também haverá a divulgação oficial da programação de shows da Arena Bloco, que, este ano, deixa a área da Praia do Forte, onde hoje está um circo, para ocupar todas as dependências do Costa Azul Iate Clube.
O debate desta quinta, que terá duração de duas horas, vai reunir representantes de todos os blocos tradicionais da cidade. Além da Folha dos Lagos, o debate terá também a cobertura da Litoral News e do Programa Amaury Valério, da Rádio Ondas. O debate também terá transmissão ao vivo através da pagina do facebook da Folha.