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Orla da Praia do Forte abandonada decepciona turistas

Visitantes dividem-se entre encanto com natureza e decepção com o abandono

27 julho 2017 - 08h23
Orla da Praia do Forte abandonada decepciona turistas

 Caminhar pela orla da Praia do Forte, considerada um dos princi­pais cartões-postais de Cabo Frio, é como desfilar em meio ao que a cidade tem de melhor e de pior hoje em dia. O período de férias aumenta o movimento à beira-mar e expõe ainda mais o con­traste entre as belezas naturais e o estado de abandono daquilo que foi projetado pelo homem. O fato é acentuado pela alegada crise fi­nanceira do município.

Para os turistas nada passa ba­tido. Se o mar azul e as areias brancas seduzem o olhar, os problemas também não são ig­norados. A família de Deubert Pimentel, 46, de Vitória (ES), repete em Cabo Frio o passeio feito há alguns anos. A diferença saltou aos olhos dos capixabas. Antes novo em folha, o comple­xo calçadão-Praça das Águas apresenta as marcas do tempo e da falta de conservação.

– A praça tá meio abandona­da, mas a cidade é muito boni­ta – resume o contador, com a aprovação da mulher, a cabele­reira Andréia Matos, 47.

A distração com os encantos cabofrienses pode resultar em acidentes se o visitante não to­mar cuidado com, por exemplo, um dos desníveis nas tábuas que compõem o deque de madeira do calçadão. Completam o ce­nário caixas com fiação elétri­ca exposta e lixeiras completa­mente enferrujadas, como visto na milionária Praça das Águas, inaugurada em 2013 a um custo de R$ 13 milhões.

– Quando foi inaugurada era a mais linda praça de Cabo Frio, mas não teve manutenção – lamenta o montador de móveis desemprega­do Wagner Conceição, 22.

A mulher dele, a também de­sempregada Natasha Porto, 36, não perdoou a deterioração do local. Dizendo estar de partida para o Rio atrás de trabalho, ela, no entanto, mostrou certa espe­rança em melhorias.

– É um patrimônio turístico que está jogado às traças, aban­donado. Foi feito apenas para superfaturamento. Mas quando eu voltar, espero que esteja tudo lindo – disse, no melhor estilo ‘morde e assopra’.

Alheios aos problemas, a trinca de turistas dedicava-se às selfies e às fotos de paisagens. Apesar das ressalvas ao ‘pouco de lixo’ encontrado nas Dunas, a estudante catarinense Manoe­la Mendes, 17, não demonstrou decepção com o que viu.

– É exatamente como eu pesquisei na internet – disse a jovem.

Praça das Águas vira Praça Seca

 Não se trata do bairro carioca da Zona Oeste, mas a Praça das Águas, que logo após a inaugu­ração, em 2013, tornou-se um importante atrativo turístico, hoje não pas­sa de uma ‘Praça Seca’. Desati­vada desde março por causa de rachaduras que geravam gastos de R$ 92 mil mensais com as contas de água, a antes chama­tiva fonte luminosa hoje mais parece uma pista improvisada de skate. Quando muito, serve de atalho para algumas pessoas que saem da praia em direção ao Centro. Enquanto esteve no local, a reportagem da Folha flagrou diversas pessoas fazen­do o local de passagem ainda que haja uma ponte para fazer o percurso.

Em vez dos peixes que fa­ziam a alegria da criançada, o que há são muitos copos plásti­cos e lixo acumulado em mon­tes. O cenário decepcionou o garoto Thiago Carbone, 13, fi­lho do casal Edvan Souza, 34, e Elizangela Carbone, 29.

– Isso aqui quando foi inau­gurado era muito bonito, mas está largado. O povo rouba mais do que faz – dispara a ca­belereira.

Em nota, a Prefeitura infor­mou que, “por conta da neces­sidade de pagar salários atrasa­dos pela gestão anterior, ainda não está em condições de rea­lizar grandes obras na cidade, o que inclui a Praça das Águas, onde, no início deste ano, foram encontradas rachaduras que es­tavam provocando o vazamen­to da água ali depositada. Por conta destes vazamentos, foi detectado que a média do gas­to mensal com contas de água apenas na Praça das Águas foi de R$ 92 mil por mês nos últi­mos cinco meses de 2016”.

Segundo a gestão municipal, o valor foi considerado ‘exces­sivamente alto’, o que determi­nou o fechamento da passagem de água até que providências definitivas possam ser toma­das. O texto diz também que “essas contas de água, que não foram pagas pela gestão anterior, fizeram parte da dívi­da deixada com a Prolagos de R$ 15 milhões, que foi rene­gociada pelo atual governo. A renegociação está com os pa­gamentos em dia. A Prefeitura reitera ainda que prioriza nes­te momento o pagamento dos salários dos servidores, dos salários deixados pela gestão anterior e a manutenção dos serviços essenciais”.

Sobre os demais problemas citados na reportagem acima, a prefeitura afirma que equipes irão ao local nos próximos dias para efetuar os reparos neces­sários.

(*) Leia a matéria completa na edição da Folha dos Lagos desta quinta-feira.