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O garimpo que vem da ressaca

Mar agitado leva garimpeiros às praias em busca de objetos de valor 

20 julho 2019 - 09h47
O garimpo que vem da ressaca
TOMÁS BAGGIO

A cena é cada vez mais comum. Você está andando na praia e vê alguém com um aparelho que vai da altura da cintura até o chão. Sempre escavando a areia e passando o aparelho rente ao solo. E assim vai, durante horas, até se abaixar e pegar alguma coisa. Os aparelhos são detectores de metais, e seus portadores são chamados de garimpeiros de praia. Estão em busca de joias, mas também se agradam com moedas e retiram, até mesmo, lixo e objetos perigosos.
 
- O que a gente acha mais é aliança. Mas tem muita moeda também. Cordão é mais difícil, só pega se tiver um pingente ou fecho grande. Quando identifica alguma coisa ele apita e a gente cata - explica Edilan Félix, que estava ontem na Praia do Forte junto com o primo, Renan Damaceno.
 
- Hoje ainda não deu nada. Mas tem dia que é muito bom - completa Renan.
 
Renan concilia a atividade com outro trabalho em uma das barracas da praia. Dependendo do dia, o garimpo vale mais a pena, ele diz. Já Edilan, atualmente sem emprego, faz apenas o garimpo. E se dedica a isso. Tanto é que precisou investir na atividade. 
 
Esse tipo de aparelho é dividido pelos usuários em duas faixas. Os mais simples custam a partir de R$ 400. Modelos melhores podem chegar a R$ 8 mil.
 
Edilan comprou dois. Um de R$ 3 mil - que estava com o primo - e outro de R$ 7 mil - que estava com ele. E não se arrepende.
 
- Comprei há dois anos e já tem um tempo que consegui tirar esse valor. São equipamentos bons, à prova d'agua. Muitas vezes eu prefiro fazer o garimpo dentro do mar do que na areia. Esse aqui pode ir até 60 metros, mas eu faço até onde dá pé mesmo - conta ele.
 
Com a ressaca no mar, a procura fica maior. Além dos primos, outros dois amigos também faziam garimpo ontem na praia. Cleber Cavalcanti e Eider Barreto são vizinhos. Cleber já gravou até vídeos para o YouTube mostrando como funciona. 
 
 
 
- Sou novato nisso, faço há um ano mais ou menos. Mas é bom, tenho encontrado bastante coisa, às vezes de ouro e prata. No verão, principalmente, é muito bom. Mas fora também encontra. Tem que ver a hora da maré baixa, porque dá pra ir mais pra dentro. Já tive dia de tirar R$ 300 e já aconteceu de conseguir até mais de R$ 1 mil. Nem sempre é assim, claro. Hoje não achei nenhum ouro ainda - afirma.
 
Eider chama a atenção para outro ponto. Durante a busca por jóias, muitas vezes o que encontram é lixo. E saem recolhendo.
 
 
- A gente tira muitas coisas perigosas. Anzóis, pedaços de ferro com pontas. Tem partes de barraca que se soltam e ficam com as pontas para fora. O mar leva isso tudo, e quando traz de volta na ressaca é um perigo. As pessoas deviam evitar de ir correndo para a água. Se pisa em um negócio desses é um problema grande. Ou seja, estamos ajudando a natureza e as pessoas também - argumenta ele.