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Nota 10 em boas iniciativas

Apesar dos problemas, escolas estaduais não se rendem e mobilizam comunidade com atividades

14 outubro 2019 - 20h45
Nota 10 em boas iniciativas

Profissionais com salários defasados, escolas com problemas estruturais e insegurança. O calendário marca que hoje é o Dia do Professor, mas a data pede muito mais reflexão do que propriamente celebração. Na rede estadual, por exemplo, docentes e demais funcionários estão em estado de greve para cobrar o reajuste nos salários, congelados há cinco anos. Na rede municipal de Cabo Frio, a situação é semelhante e os servidores estão de braços cruzados desde a semana passada.

Apesar do contexto desfavorável em todos os níveis, agravado pela falta de investimentos e pelos cortes orçamentários, as comunidades de algumas escolas não deixam a peteca cair e resistem. Aliás, resistência tem sido a palavra de ordem do tradicional Colégio Estadual Miguel Couto, que completou 61 anos. A escola construída em área de restinga, se adapta ao momento da sociedade, como a vegetação nativa sobrevive às alterações no ecossistema, e pulsa como há muito não se via. 

De acordo com a diretora da unidade, Aline Bonioli Paiva Colonese, a escola se redesenha com a volta do Curso Técnico Profissionalizante, que tem apoio da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), e com o projeto de incentivo à pesquisa, que recebeu prêmios significativos em âmbito nacional. O Núcleo de Música e Arte desenvolve trabalhos com os jovens nas áreas de música, poesia, teatro e dança.  Além disso, os alunos do ensino médio são levados para o teatro, cinema e outros espaços de produção cultural. 

No mês passado, o colégio promoveu um projeto de preservação ambiental no Charitas, que teve a restinga como tema, com direito a exposição de pesquisas dos alunos, representação teatral com grupo de teatro e rodas de conversas com convidados renomados na área. Como próximos passos, a construção do inventário participativo com a orientação do arquiteto Ivo Barreto, do Iphan, e apoio da Casa Scliar e a segunda edição da Feira do Curso de Administração com ênfase em empreendedorismo, prevista para novembro.

– É importante ressaltar que, durante seis décadas, o Colégio Estadual Miguel Couto sobrevive às mudanças do sistema. Isso mostra que, com trabalho árduo, nosso sonho é possível e real: a mudança do mundo a partir da educação. Depois de tanto semear, esse é o fruto que precisamos colher – disse a diretora, ressaltando a constante discussão de temas como gravidez na adolescência, bullying, feminicídio, violência contra mulher e descriminação às minorias, entre outros. 

No Jardim Esperança, a preocupação com a sustentabilidade também está presente. Na semana passada, o Ciep 458 Hermes Barcellos promoveu uma feira de trocas de brinquedos entre os alunos. Do mesmo modo, assuntos atuais como as queimadas na Amazônia e a poluição nos mares foram foco de discussões na semana temática promovida pela direção. 

– A feira é para estimular o consumo consciente nos alunos e na comunidade para mostrar para eles que, às vezes, não precisa comprar algo e sim trocar. É para desmonetizar e colocar neles a iniciativa de trocas – explicou a orientadora educacional Patricia Fieri.
Recentemente, também foi inaugurada, por iniciativa da comunidade escolar, uma praça com o nome da ambientalista Anita Mureb. No mês passado, uma série de palestras marcou o Setembro Amarelo na unidade, que se engajou na prevenção ao suicídio e valorização da vida. No campo cultural, os alunos foram incentivados ao hábito da leitura a partir da visita à Bienal. O escritor Edmilson Martins, que expôs na feira, deu uma palestra no ônibus que levava os estudantes ao Riocentro.