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Dia da Mulher

No Dia da Mulher: celebração ou luta?

Acusado de assassinar cunhada em Araruama é preso na Niterói-Manilha

07 março 2017 - 19h59
No Dia da Mulher: celebração ou luta?

Da mesma forma que muitas mulheres amanheceram o dia de hoje ganhando flores, outras certamente terão a violência como ‘presente’ do Dia Internacional da Mulher, já que a cada quatro minutos uma mulher é vítima da violência no Brasil. Visto no mundo inteiro como um dia de luta contra a violência doméstica, desigualdade e machismo, o 8 de março deste ano ganha mais um capítulo: mulheres de pelo menos 50 países farão paralisações a favor dos direitos da mulher. No Brasil, haverá atividades em 60 cidades e Macaé está entre elas, já que realiza uma passeata contra a violência doméstica. Em Cabo Frio, o Movimento Mulheres da Região dos Lagos promove no Instituto Federal Fluminense (IFF), a partir das 10h, um dia inteiro de debates. O 1° Encontro Nós por Nós é aberto ao público.

– A violência é uma questão para agora. Temos muitos casos e denúncias ainda não resolvidas. E a reforma da Previdência vai piorar ainda mais a questão porque a mulher pode ficar ainda mais dependente do homem – afirma Rafaela Corrêa, do Movimento Mulheres da Região, se referindo à reforma proposta pelo governo Michel Temer, que pretende acabar com o direito da aposentadoria cinco anos antes que os homens.

No último fim de semana, duas mulheres foram mortas na Região dos Lagos – uma em São Pedro e outra em Araruama. Em ambos os casos o feminicídio é latente. Neivaldo dos Santos Gonçalves, 60, matou Sabrina da Conceição Santos Marinho, 25, na noite do último domingo (5), no bairro Campo Redondo, em São Pedro da Aldeia. Em seguida, ele atirou contra si mesmo e acabou morrendo. Já Priscila Simas de Souza, 32, foi assassinada na tarde de domingo na Rua dos Tabajaras, no bairro Bananeiras, em Araruama. Ela teria discutido com o cunhado, Isaac Cesar Mathias Bezerra, 58, que teria efetuado vários disparos contra a vítima. Isaac fugiu mas foi preso na tarde da última segunda-feira na BR-101, altura de São Gonçalo, por policiais rodoviários.

– Em 2014, eram 4.7 mulheres assassinadas por dia e em 2016 essa triste estatística subiu para 13 mulheres por dia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Com relação à violência doméstica são vitimadas diariamente 405 mulheres por dia, que corresponde a 1 mulher a cada 4 minutos. Esses números assustadores são apenas dos casos que são registrados nos serviços de atendimento a mulher e Deams – informa a advogada Tereza Tenan, responsável pela Coordenadoria  Geral da Mulher da Prefeitura de Cabo Frio, que ressalta que durante todo o mês farão uma programação especial para as mulheres.

Tereza Tenan afirmou que a Coordenadoria, ligada à Secretaria Municipal de Assistência Social, está desenvolvendo uma série de parcerias com outras secretarias e serviços públicos para que as políticas para mulheres sejam ‘transversais às demais políticas sociais’.

– Desenvolvemos ações que promovem discussões sobre os direitos das mulheres à saúde, à assistência, à profissionalização, entre outros. Temos também um Centro Especializado de Atendimento à Mulher Ceam que realiza atendimento psicossocial e jurídico, com ênfase nos casos de violência contra a mulher. Já são mais de 1.500 mulheres usuárias deste serviço especializado – declarou Tereza.

Apesar dos números assustadores, a Lei Maria da Penha, que completa 11 anos, trouxe à tona fatos que até então não eram de conhecimento publico. A psicóloga Cláudia Alcântara ressalta essa mudança de comportamento e lamenta o aumento da violência contra a mulher.

– Onze anos da Lei e isso dentro de um processo histórico-cultural é um tempo razoável para que aquilo que já acontecia na sociedade de forma velada, se torne, de fato, estatística : as mulheres procurarem a delegacia para fazer o registro contra violência que sofrem em seus lares. Por outro lado a cultura demora a mudar e a mentalidade das pessoas também. O machismo ainda é muito forte na nossa sociedade – finalizou a psicóloga.

Na Praça Porto Rocha, em Cabo Frio, as atividades da Coordenadoria Geral da Mulher começam a partir das 9h.